Partidos em números: PSB


Gráficos e mapas para entender o menor entre os grandes e tradicionais partidos brasileiros
POR JOÃO GADO F. COSTA E ANTONIO PILTCHER • 23/11/2020

A série Partidos em Números continua com mais um grande partido da centro-esquerda brasileira: o Partido Socialista Brasileiro.


Eleições 2020

O PSB lançou candidaturas em todos os estados do país. No entanto, estes candidatos estavam mais concentrados em Pernambuco, no Mato Grosso e no Espírito Santo. Com o fim do primeiro turno, o partido elegeu 246 prefeitos e mais 8 estão no segundo turno, inclusive nas capitais Recife e Rio Branco. O partido teve pouquíssimos sucessos na região Norte. O estado com o maior número de prefeitos eleitos pelo PSB é Pernambuco.

Como é comum para os partidos brasileiros, o PSB coligou-se com quase todos os partidos do país. O PT e o PDT são os partidos com os quais a legenda mais se coligou em 2020, mas também recebeu apoio de diversos partidos do centrão, como o PP, MDB e DEM.

Quando se trata de dar apoio, porém, o PSD foi o aliado favorito do partido, seguido do MDB. Apesar de alianças chave em grandes cidades, o PDT ficou em segundo plano, o mesmo ocorreu com o PT.

O partido tentou eleger vereadores em todos os estados do país, mas foi em Pernambuco que o PSB teve mais sucesso nas eleições (o amarelo claro mostra municípios com candidato do partido, mas sem nenhum eleito). O partido elegeu poucos vereadores na região Norte e nos estados do Piauí, Paraíba e Santa Catarina.

A distribuição de raça e gênero dos candidatos do PSB para a eleição de 2020 mostra um equilíbrio racial condizente com a demografia do país (apenas 47,21% dos candidatos eram brancos) e um esforço para aumentar o número de candidatas (uma em cada três candidatos). No entanto, após as eleições, vê-se que as proporções das campanhas ainda estão muito distantes da realidade dos resultados: apenas 13,69% das campanhas que obtiveram sucesso pelo partido eram de mulheres (metade da proporção das candidaturas) e os brancos passam a ser maioria (52,7%).


Financiamento

O PSB é um dos maiores partidos do Brasil e, por isso, recebe uma das maiores quantias do Fundo Partidário ano a ano. O número de representantes eleitos do partido encolheu um pouco após as eleições de 2018, mas a legenda ainda recebe 5,7% do valor total distribuído.

Em 2020, além do fundo partidário, o PSB recebeu R$109.545.178,16 como parte do fundo eleitoral.


Filiados

O PSB é o nono maior partido do Brasil pelo número de filiados. Pode ser considerado o menor dos grandes partidos neste quesito. O aumento de filiados antes das eleições municipais é comum e não houve outras grandes variações nos últimos anos.

O PSB não tem uma base de filiados jovem; a faixa etária mais comum é de filiados que têm entre 35 e 59 anos. Assim como a maioria das legendas brasileiras, vem envelhecendo.

O PSB segue o padrão de todos os grandes partidos brasileiros na questão de representatividade de gênero. As mulheres ainda são minoria, embora sua proporção venha aumentando nos últimos anos.

O Amapá e o Mato Grosso são os estados que têm o maior número de filiados ao PSB para cada 100 mil eleitores no estado, apesar de não ser uma grande força eleitoral nestas regiões. Dos estados onde o PSB elege mais representantes, o Espírito Santo concentra mais filiados ao partido.


Resultados em 2018

Pernambuco e a Paraíba, ambos estados que elegeram governadores pessebistas, elegeram também as maiores bancadas do partido em suas Assembleias Legislativas. Além destes estados, o PSB tem deputados estaduais distribuídos em quase todos os estados do país. As exceções são o Mato Grosso do Sul, Alagoas e o Rio Grande do Norte.

Proporcionalmente, Pernambuco e o Espírito Santo são os estados mais representados pelo PSB na Câmara dos Deputados. O partido também elegeu deputados por outros estados em todo o país, mas ficou fora das bancadas de 8 estados, principalmente do Norte e Centro-Oeste.

Nas últimas duas eleições, o PSB elegeu senadores em 5 estados, 3 deles no Nordeste. No entanto, apenas um membro do partido ocupa uma cadeira no Senado Federal em 2020.

Junto com o PSDB e o MDB, o PSB fazia parte de um grupo de partidos que tinham três governos de estado, governando Pernambuco, a Paraíba e o Espírito Santo. No entanto, em 2020 o governador da Paraíba João Azevedo deixou a legenda e se filiou ao Cidadania.


História

O primeiro Partido Socialista Brasileiro foi fundado em 1947 e reunia opositores socialistas da recém-extinta ditadura do Estado Novo. Existiu até a extinção de partidos políticos em 1965 pela ditadura militar.

Em 1985, após o fim da ditadura e a volta à legalidade de partidos comunistas e socialistas, a legenda foi refundada, com o nome e o programa original do partido. Apesar de incluir intelectuais como o linguista Antônio Houaiss e o escritor Rubem Braga entre seus fundadores, o partido se propunha a ser um partido de massas, que competiria com o PT e o PDT pelos votos de esquerda no país.

O PSB elegeu apenas uma deputada para a Assembleia Constituinte em 1986, defendendo o parlamentarismo. Em 1989, aliou-se ao PT e ao PCdoB na candidatura presidencial de Lula da Silva e indicou o vice da chapa, José Paulo Bisol.

1990 foi um ano decisivo para a legenda pois Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco deposto no Golpe de 1964, deixou o PMDB para integrar o PSB. Nas eleições federais daquele ano, Arraes foi eleito deputado federal e tornou-se um líder de oposição ao governo de Fernando Collor (então PRN). Em 1994, Arraes foi eleito governador de Pernambuco e também fez oposição à presidência de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1998, o partido elegeu governadores no Amapá e Alagoas e integrou a coligação vitoriosa de Anthony Garotinho (então no PDT) para o governo do Rio.

Em 2002, pela primeira vez desde 1989 o partido não apoiou a candidatura de Lula à presidente e lançou Garotinho como candidato, que se filiou à legenda. O partido ficou em terceiro lugar, com 17,9% dos votos. Garotinho permaneceu como a principal figura do partido até deixar a legenda em 2002, quando políticos ligados a Miguel Arraes voltaram a comandar o PSB.

Dentre eles estavam o deputado federal Eduardo Campos, neto de Arraes e seu herdeiro político. Campos aproximou-se do presidente Lula e foi ministro de seu governo. Em 2006, o partido apoiou a reeleição do petista e Campos foi eleito governador de Pernambuco. O PSB integrou a coligação que elegeu Dilma Rousseff presidente em 2010, mas em 2014 Campos se lançou como candidato a presidente. O pernambucano morreu em um acidente de avião em agosto daquele ano, ainda no início de sua campanha. Foi substituído por sua vice, Marina Silva (então PSB, hoje REDE), que ficou em terceiro lugar na disputa. Em 2016, o partido apoiou o impedimento de Dilma.

Nas eleições presidenciais de 2018, o partido não lançou candidato próprio nem integrou coligação, porém apoiou o candidato petista Fernando Haddad no segundo turno. O partido faz oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e é presidido por Carlos Siqueira.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); Resultados eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em números: PSB

Gráficos e mapas para entender o menor entre os grandes e tradicionais partidos brasileiros

A série Partidos em Números continua com mais um grande partido da centro-esquerda brasileira: o Partido Socialista Brasileiro.


Eleições 2020

O PSB lançou candidaturas em todos os estados do país. No entanto, estes candidatos estavam mais concentrados em Pernambuco, no Mato Grosso e no Espírito Santo. Com o fim do primeiro turno, o partido elegeu 246 prefeitos e mais 8 estão no segundo turno, inclusive nas capitais Recife e Rio Branco. O partido teve pouquíssimos sucessos na região Norte. O estado com o maior número de prefeitos eleitos pelo PSB é Pernambuco.

Como é comum para os partidos brasileiros, o PSB coligou-se com quase todos os partidos do país. O PT e o PDT são os partidos com os quais a legenda mais se coligou em 2020, mas também recebeu apoio de diversos partidos do centrão, como o PP, MDB e DEM.

Quando se trata de dar apoio, porém, o PSD foi o aliado favorito do partido, seguido do MDB. Apesar de alianças chave em grandes cidades, o PDT ficou em segundo plano, o mesmo ocorreu com o PT.

O partido tentou eleger vereadores em todos os estados do país, mas foi em Pernambuco que o PSB teve mais sucesso nas eleições (o amarelo claro mostra municípios com candidato do partido, mas sem nenhum eleito). O partido elegeu poucos vereadores na região Norte e nos estados do Piauí, Paraíba e Santa Catarina.

A distribuição de raça e gênero dos candidatos do PSB para a eleição de 2020 mostra um equilíbrio racial condizente com a demografia do país (apenas 47,21% dos candidatos eram brancos) e um esforço para aumentar o número de candidatas (uma em cada três candidatos). No entanto, após as eleições, vê-se que as proporções das campanhas ainda estão muito distantes da realidade dos resultados: apenas 13,69% das campanhas que obtiveram sucesso pelo partido eram de mulheres (metade da proporção das candidaturas) e os brancos passam a ser maioria (52,7%).


Financiamento

O PSB é um dos maiores partidos do Brasil e, por isso, recebe uma das maiores quantias do Fundo Partidário ano a ano. O número de representantes eleitos do partido encolheu um pouco após as eleições de 2018, mas a legenda ainda recebe 5,7% do valor total distribuído.

Em 2020, além do fundo partidário, o PSB recebeu R$109.545.178,16 como parte do fundo eleitoral.


Filiados

O PSB é o nono maior partido do Brasil pelo número de filiados. Pode ser considerado o menor dos grandes partidos neste quesito. O aumento de filiados antes das eleições municipais é comum e não houve outras grandes variações nos últimos anos.

O PSB não tem uma base de filiados jovem; a faixa etária mais comum é de filiados que têm entre 35 e 59 anos. Assim como a maioria das legendas brasileiras, vem envelhecendo.

O PSB segue o padrão de todos os grandes partidos brasileiros na questão de representatividade de gênero. As mulheres ainda são minoria, embora sua proporção venha aumentando nos últimos anos.

O Amapá e o Mato Grosso são os estados que têm o maior número de filiados ao PSB para cada 100 mil eleitores no estado, apesar de não ser uma grande força eleitoral nestas regiões. Dos estados onde o PSB elege mais representantes, o Espírito Santo concentra mais filiados ao partido.


Resultados em 2018

Pernambuco e a Paraíba, ambos estados que elegeram governadores pessebistas, elegeram também as maiores bancadas do partido em suas Assembleias Legislativas. Além destes estados, o PSB tem deputados estaduais distribuídos em quase todos os estados do país. As exceções são o Mato Grosso do Sul, Alagoas e o Rio Grande do Norte.

Proporcionalmente, Pernambuco e o Espírito Santo são os estados mais representados pelo PSB na Câmara dos Deputados. O partido também elegeu deputados por outros estados em todo o país, mas ficou fora das bancadas de 8 estados, principalmente do Norte e Centro-Oeste.

Nas últimas duas eleições, o PSB elegeu senadores em 5 estados, 3 deles no Nordeste. No entanto, apenas um membro do partido ocupa uma cadeira no Senado Federal em 2020.

Junto com o PSDB e o MDB, o PSB fazia parte de um grupo de partidos que tinham três governos de estado, governando Pernambuco, a Paraíba e o Espírito Santo. No entanto, em 2020 o governador da Paraíba João Azevedo deixou a legenda e se filiou ao Cidadania.


História

O primeiro Partido Socialista Brasileiro foi fundado em 1947 e reunia opositores socialistas da recém-extinta ditadura do Estado Novo. Existiu até a extinção de partidos políticos em 1965 pela ditadura militar.

Em 1985, após o fim da ditadura e a volta à legalidade de partidos comunistas e socialistas, a legenda foi refundada, com o nome e o programa original do partido. Apesar de incluir intelectuais como o linguista Antônio Houaiss e o escritor Rubem Braga entre seus fundadores, o partido se propunha a ser um partido de massas, que competiria com o PT e o PDT pelos votos de esquerda no país.

O PSB elegeu apenas uma deputada para a Assembleia Constituinte em 1986, defendendo o parlamentarismo. Em 1989, aliou-se ao PT e ao PCdoB na candidatura presidencial de Lula da Silva e indicou o vice da chapa, José Paulo Bisol.

1990 foi um ano decisivo para a legenda pois Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco deposto no Golpe de 1964, deixou o PMDB para integrar o PSB. Nas eleições federais daquele ano, Arraes foi eleito deputado federal e tornou-se um líder de oposição ao governo de Fernando Collor (então PRN). Em 1994, Arraes foi eleito governador de Pernambuco e também fez oposição à presidência de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 1998, o partido elegeu governadores no Amapá e Alagoas e integrou a coligação vitoriosa de Anthony Garotinho (então no PDT) para o governo do Rio.

Em 2002, pela primeira vez desde 1989 o partido não apoiou a candidatura de Lula à presidente e lançou Garotinho como candidato, que se filiou à legenda. O partido ficou em terceiro lugar, com 17,9% dos votos. Garotinho permaneceu como a principal figura do partido até deixar a legenda em 2002, quando políticos ligados a Miguel Arraes voltaram a comandar o PSB.

Dentre eles estavam o deputado federal Eduardo Campos, neto de Arraes e seu herdeiro político. Campos aproximou-se do presidente Lula e foi ministro de seu governo. Em 2006, o partido apoiou a reeleição do petista e Campos foi eleito governador de Pernambuco. O PSB integrou a coligação que elegeu Dilma Rousseff presidente em 2010, mas em 2014 Campos se lançou como candidato a presidente. O pernambucano morreu em um acidente de avião em agosto daquele ano, ainda no início de sua campanha. Foi substituído por sua vice, Marina Silva (então PSB, hoje REDE), que ficou em terceiro lugar na disputa. Em 2016, o partido apoiou o impedimento de Dilma.

Nas eleições presidenciais de 2018, o partido não lançou candidato próprio nem integrou coligação, porém apoiou o candidato petista Fernando Haddad no segundo turno. O partido faz oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e é presidido por Carlos Siqueira.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); Resultados eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa

é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher

é cientista de dados do Pindograma.

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