Partidos em números: PSDB


Gráficos e mapas para entender como o terceiro maior partido do Brasil chega nas eleições de 2020
POR FERNANDA NUNES E ANTONIO PILTCHER • 02/11/2020

A série Partidos em Números continua com a terceira maior legenda do país em número de filiados, que historicamente teve uma das maiores presenças na Câmara e elegeu o único presidente em primeiro turno desde a redemocratização, o Partido da Social Democracia Brasileira.


Eleições 2020

O PSDB lançou candidaturas a prefeito em 1.268 municípios pelo país, com destaque para São Paulo e Mato Grosso do Sul. O partido aparece com mais força nas regiões Sul e Sudeste, mas também tem presença relevante nas regiões Centro Oeste e Norte do Brasil.

Das 1.268 candidaturas para prefeituras que lidera, o PSDB formou alianças em 1.015 delas, principalmente com partidos de centro e direita: DEM, MDB, PP e PSD.

Nas eleições de 2020, o partido apoiou 1.757 candidatos de outras agremiações. No total, o PSDB participa de pleitos em 3.025 municípios. Entre os 26 partidos que têm apoio tucano, novamente se destacam MDB, DEM, PP e PSD. Partidos de esquerda aparecem em menor quantidade.

Candidatos e candidatas do PSDB estão presentes em maior concentração no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Pará. Fora desses estados, também há presença forte do partido nos outros estados do Sudeste e no Centro Oeste. O Nordeste é a região com menor concentração de candidatos do partido.

Mais de dois terços do total de candidatos do PSDB é masculina (66,75%), e pouco mais da metade, 55,62%, é composta por homens e mulheres brancos. A composição é similar à do MDB.


Financiamento

Devido ao seu tamanho, o PSDB recebeu quantias significativas do Fundo Partidário desde 2008. Em 2015, a verba destinada ao Fundo Partidário foi triplicada, o que explica o aumento naquele ano. De toda forma, o partido perdeu força em 2018 com a onda bolsonarista. Com isso, diminuiu sua cota no Fundo Partidário.

Em 2020, o PSDB também recebeu R$130.452.061,58 do Fundo Eleitoral.


Filiados

O PSDB conta com o terceiro maior número de filiados entre todos os partidos do país – no final de 2018, eram 1.461.364.

Há uma tendência de envelhecimento do PSDB comum a todos os grandes partidos do Brasil. Como o gráfico indica, os jovens tucanos são uma parcela pequena dos filiados.

O PSDB se tornou mais feminino ao longo dos anos, assim como grande parte das legendas políticas brasileiras. No entanto, as mulheres ainda são minoria.

Santa Catarina tem a maior concentração de filiados ao partido, com 1.970 tucanos a cada 100 mil eleitores. O estado é seguido por Tocantins e Mato Grosso do Sul. Em números absolutos, São Paulo é o estado com mais filiados ao PSDB, 301.298.


Resultados em 2018

O Mato Grosso do Sul elegeu a maior bancada legislativa estadual do PSDB. Em seguida, vêm Pará e Goiás. Em São Paulo, 10% dos deputados estaduais são do PSDB, porcentagem parecida com o número na maioria dos estados do Sul e Sudeste.

A Paraíba e Mato Grosso do Sul elegeram a maior proporção de deputados federais do PSDB, ambos com 25%. O partido conquistou um total de 29 deputados, a maior parte no Sudeste (11), seguido pelo Norte e Nordeste, com 6 deputados cada.

Na atual legislatura, o PSDB tem 8 senadores, 3 a menos que na anterior. Desses, 2 vêm de São Paulo: José Serra e Mara Gabrilli. Além do PSDB em São Paulo, apenas o PSD conseguiu eleger 2 senadores em um mesmo estado, na Bahia.

Em 2018, o PSDB elegeu apenas 3 governadores, de 6 candidatos concorrendo. Foi o pior desempenho do partido em eleições para governador desde 1990.


História

O surgimento do Partido da Social Democracia Brasileira remonta à Assembleia Constituinte de 1987. Foi fundado em 1988 por membros dissidentes do Movimento Democrático Brasileiro.

As discordâncias surgiram durante a Assembleia Constituinte. Consolidou-se uma corrente no PMDB que tinha tendências mais parlamentaristas, e que havia sido escanteada pelo governo Sarney em Brasília e pelo governo Quércia em São Paulo. Entre os fundadores do PSDB, todos militantes históricos do PMDB, estavam Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e José Richa. Em 1988 também foi definido que o símbolo do PSDB seria um tucano, que deu origem à alcunha para os membros do partido.

Na sua primeira eleição, em 1990, o partido elegeu 37 deputados federais e 7 senadores, e continuou a crescer durante a década. Em 1997, contava com a segunda maior bancada na Câmara.

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente pelo partido no primeiro turno. O sociólogo, que fora Ministro da Fazenda durante a criação do Plano Real, seria o primeiro presidente a ser reeleito no país, novamente no primeiro turno. Seus governos foram marcados por privatizações de empresas estatais, controle da inflação e expansão de programas sociais, com a criação dos programas precursores do Bolsa Família. Apesar de não voltarem à presidência, candidatos do PSDB ficaram em segundo lugar em todas as eleições presidenciais entre 2002 e 2014, demonstrando sua força política.

Os tucanos foram o principal partido de oposição durante todo o governo do PT. O PSDB ganhou força com a fragilização de Lula após o escândalo do Mensalão, e continuou na liderança da oposição aos petistas no segundo mandato de Lula. Em 2016, o PSDB foi parte importante da articulação do impedimento de Dilma Rousseff e teve um bom desempenho nas eleições municipais.

Em 2018, no entanto, o partido perdeu força: por mais que tenham sido os principais opositores aos governos petistas, os tucanos não conseguiram preencher o espaço deixado pelo enfraquecimento do PT, e foram escanteados pela onda bolsonarista. O candidato do partido à presidência, Geraldo Alckmin, terminou em quarto lugar, com menos de 5% dos votos válidos. O partido sofreu com o crescente sentimento anti-político no país e com escândalos de corrupção envolvendo alguns de seus mais importantes membros.

Atualmente, o partido abriga nomes como José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e João Dória. Seu presidente é o pernambucano Bruno Araújo.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

[Gostou do nosso conteúdo? Siga-nos no Twitter, no Facebook e no Instagram.]

foto do autor

Fernanda Nunes é repórter e editora do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em números: PSDB

Gráficos e mapas para entender como o terceiro maior partido do Brasil chega nas eleições de 2020

POR FERNANDA NUNES E ANTONIO PILTCHER

02/11/2020

A série Partidos em Números continua com a terceira maior legenda do país em número de filiados, que historicamente teve uma das maiores presenças na Câmara e elegeu o único presidente em primeiro turno desde a redemocratização, o Partido da Social Democracia Brasileira.


Eleições 2020

O PSDB lançou candidaturas a prefeito em 1.268 municípios pelo país, com destaque para São Paulo e Mato Grosso do Sul. O partido aparece com mais força nas regiões Sul e Sudeste, mas também tem presença relevante nas regiões Centro Oeste e Norte do Brasil.

Das 1.268 candidaturas para prefeituras que lidera, o PSDB formou alianças em 1.015 delas, principalmente com partidos de centro e direita: DEM, MDB, PP e PSD.

Nas eleições de 2020, o partido apoiou 1.757 candidatos de outras agremiações. No total, o PSDB participa de pleitos em 3.025 municípios. Entre os 26 partidos que têm apoio tucano, novamente se destacam MDB, DEM, PP e PSD. Partidos de esquerda aparecem em menor quantidade.

Candidatos e candidatas do PSDB estão presentes em maior concentração no Mato Grosso do Sul, São Paulo e Pará. Fora desses estados, também há presença forte do partido nos outros estados do Sudeste e no Centro Oeste. O Nordeste é a região com menor concentração de candidatos do partido.

Mais de dois terços do total de candidatos do PSDB é masculina (66,75%), e pouco mais da metade, 55,62%, é composta por homens e mulheres brancos. A composição é similar à do MDB.


Financiamento

Devido ao seu tamanho, o PSDB recebeu quantias significativas do Fundo Partidário desde 2008. Em 2015, a verba destinada ao Fundo Partidário foi triplicada, o que explica o aumento naquele ano. De toda forma, o partido perdeu força em 2018 com a onda bolsonarista. Com isso, diminuiu sua cota no Fundo Partidário.

Em 2020, o PSDB também recebeu R$130.452.061,58 do Fundo Eleitoral.


Filiados

O PSDB conta com o terceiro maior número de filiados entre todos os partidos do país – no final de 2018, eram 1.461.364.

Há uma tendência de envelhecimento do PSDB comum a todos os grandes partidos do Brasil. Como o gráfico indica, os jovens tucanos são uma parcela pequena dos filiados.

O PSDB se tornou mais feminino ao longo dos anos, assim como grande parte das legendas políticas brasileiras. No entanto, as mulheres ainda são minoria.

Santa Catarina tem a maior concentração de filiados ao partido, com 1.970 tucanos a cada 100 mil eleitores. O estado é seguido por Tocantins e Mato Grosso do Sul. Em números absolutos, São Paulo é o estado com mais filiados ao PSDB, 301.298.


Resultados em 2018

O Mato Grosso do Sul elegeu a maior bancada legislativa estadual do PSDB. Em seguida, vêm Pará e Goiás. Em São Paulo, 10% dos deputados estaduais são do PSDB, porcentagem parecida com o número na maioria dos estados do Sul e Sudeste.

A Paraíba e Mato Grosso do Sul elegeram a maior proporção de deputados federais do PSDB, ambos com 25%. O partido conquistou um total de 29 deputados, a maior parte no Sudeste (11), seguido pelo Norte e Nordeste, com 6 deputados cada.

Na atual legislatura, o PSDB tem 8 senadores, 3 a menos que na anterior. Desses, 2 vêm de São Paulo: José Serra e Mara Gabrilli. Além do PSDB em São Paulo, apenas o PSD conseguiu eleger 2 senadores em um mesmo estado, na Bahia.

Em 2018, o PSDB elegeu apenas 3 governadores, de 6 candidatos concorrendo. Foi o pior desempenho do partido em eleições para governador desde 1990.


História

O surgimento do Partido da Social Democracia Brasileira remonta à Assembleia Constituinte de 1987. Foi fundado em 1988 por membros dissidentes do Movimento Democrático Brasileiro.

As discordâncias surgiram durante a Assembleia Constituinte. Consolidou-se uma corrente no PMDB que tinha tendências mais parlamentaristas, e que havia sido escanteada pelo governo Sarney em Brasília e pelo governo Quércia em São Paulo. Entre os fundadores do PSDB, todos militantes históricos do PMDB, estavam Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e José Richa. Em 1988 também foi definido que o símbolo do PSDB seria um tucano, que deu origem à alcunha para os membros do partido.

Na sua primeira eleição, em 1990, o partido elegeu 37 deputados federais e 7 senadores, e continuou a crescer durante a década. Em 1997, contava com a segunda maior bancada na Câmara.

Em 1994, Fernando Henrique Cardoso foi eleito presidente pelo partido no primeiro turno. O sociólogo, que fora Ministro da Fazenda durante a criação do Plano Real, seria o primeiro presidente a ser reeleito no país, novamente no primeiro turno. Seus governos foram marcados por privatizações de empresas estatais, controle da inflação e expansão de programas sociais, com a criação dos programas precursores do Bolsa Família. Apesar de não voltarem à presidência, candidatos do PSDB ficaram em segundo lugar em todas as eleições presidenciais entre 2002 e 2014, demonstrando sua força política.

Os tucanos foram o principal partido de oposição durante todo o governo do PT. O PSDB ganhou força com a fragilização de Lula após o escândalo do Mensalão, e continuou na liderança da oposição aos petistas no segundo mandato de Lula. Em 2016, o PSDB foi parte importante da articulação do impedimento de Dilma Rousseff e teve um bom desempenho nas eleições municipais.

Em 2018, no entanto, o partido perdeu força: por mais que tenham sido os principais opositores aos governos petistas, os tucanos não conseguiram preencher o espaço deixado pelo enfraquecimento do PT, e foram escanteados pela onda bolsonarista. O candidato do partido à presidência, Geraldo Alckmin, terminou em quarto lugar, com menos de 5% dos votos válidos. O partido sofreu com o crescente sentimento anti-político no país e com escândalos de corrupção envolvendo alguns de seus mais importantes membros.

Atualmente, o partido abriga nomes como José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e João Dória. Seu presidente é o pernambucano Bruno Araújo.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

[Gostou do nosso conteúdo? Siga-nos no Twitter, no Facebook e no Instagram.]

foto do autor

Fernanda Nunes

é repórter e editora do Pindograma.

Antonio Piltcher

é cientista de dados do Pindograma.

newsletter

Para receber notificações de novas matérias,

digite seu email:

(e aperte enter!)