Partidos em Números: PMB e PROS


Gráficos e mapas sobre dois partidos que refletem a fragmentação política brasileira
POR FERNANDA NUNES E ANTONIO PILTCHER • 30/01/2021

Nesta edição do Partidos em Números, o Pindograma analisa a trajetória de dois partidos recentes, pequenos e sem uma ideologia definida: o Partido da Mulher Brasileira (PMB) e o Partido Republicano da Ordem Social (PROS).


Filiados

O PMB é um partido muito pequeno. Cresceu desde sua fundação em 2015, mas hoje ainda conta com pouco mais de 40 mil filiados.

Já o PROS é maior em termos de filiados, com cerca de 100 mil membros. Antes das eleições municipais de 2016, a legenda teve o maior salto no número de filiados, um período em que legendas comumente ganham mais integrantes.

Tanto o PMB quanto o PROS são mais jovens do que grandes partidos tradicionais na política brasileira.

O PMB é um dos poucos partidos que tem uma maioria de mulheres entre seus filiados: 54,9%. Além dele, apenas o Republicanos tem mais da metade dos seus filiados composta por mulheres.

O PROS segue uma tendência mais comum entre os partidos brasileiros. Ao longo dos últimos anos, houve um aumento sutil na proporção de mulheres filiadas, e atualmente elas formam 41,6% do total de filiados.

Os estados do Acre e Amapá aparecem no topo quando se trata da concentração de filiados de ambos os partidos. O PMB tem 219 filiados a cada 100 mil eleitores no primeiro, e 201 no segundo. Já o PROS tem maior concentração de filiados no Amapá (são 503 a cada 100 mil eleitores) e depois no Acre (315). Isso é incomum para partidos brasileiros, e está relacionado ao tamanho pequeno tanto do PMB e do PROS.

Em números absolutos, a cifra de filiados tende a acompanhar o tamanho da população dos estados. Para as duas legendas, a maior quantidade de filiados está em São Paulo.


Financiamento

Devido a sua baixíssima representação no Congresso, o PMB recebeu menos de 1% do fundo partidário desde sua fundação. Em 2018, o PMB não atingiu os 1,5% dos votos para deputado federal em nove estados e ao menos 1% de votos em cada um deles, o mínimo de votação exigida pela cláusula de barreira estabelecida em 2017. Como consequência, deixou de receber verbas do fundo partidário e também tempo de propaganda eleitoral gratuita na TV e rádio. No entanto, em 2020, recebeu R$1.233.305,95 do Fundo Eleitoral.

Já o PROS recebeu uma fatia maior do Fundo Partidário, apesar de ainda ser pequena – pouco mais de 2% desde 2015, após a eleição de seus primeiros deputados federais. A legenda recebeu R$37.187.846,96 do Fundo Eleitoral para as últimas eleições.


Eleições 2020

O PMB lançou apenas 53 candidaturas, distribuídas por todas as regiões do país. Apenas uma foi eleita: Marina, em Guapimirim (RJ).

Já o PROS lançou 277 candidatos, a maior parte deles na região Sudeste e Nordeste. Destes, 41 foram vitoriosos.

Nas eleições para prefeituras em 2020, o PMB formou coligações em 19 das suas candidaturas. O maior apoio veio do PROS, seguido pelo DEM e PSDB.

O PROS foi apoiado 325 vezes por outros partidos, em lugares diferentes do espectro ideológico, englobando desde o PSL até o PC do B.

Como é comum entre partidos menores, PMB e PROS apoiaram chapas de outros partidos mais frequentemente do que lançaram suas próprias candidaturas. Entre os partidos que obtiveram mais apoio, se destacam MDB, DEM, e PSD.

2.358 pessoas disputaram vereanças pelo PMB, espalhadas pelo país, e com destaque para a região Sudeste. Destas, 45 foram eleitas.

Já o PROS lançou 10.413 candidatos. As candidaturas estavam concentradas no Paraná e na região Sudeste. 748 dos candidatos que concorreram obtiveram sucesso.

A principal ideia do PMB é aumentar a participação de mulheres na política, mas não se vê isso na prática. Apenas 35,5% dos candidatos do partido eram mulheres em 2020, o que acompanha a tendência da grande maioria dos partidos políticos brasileiros. Além disso, 37,8% do total de candidatos eram brancos, enquanto 59,8% se identificaram como pretos ou pardos. Já entre os eleitos pelo partido, 87% eram homens.

O PROS teve 66,28% do total de candidatos composto por homens, e 40% dos candidatos composto por pessoas brancas. Outros 57,78% se declararam pretos ou pardos. Assim como foi o caso do PMB, a proporção de homens é maior entre os eleitos: 85%. Também aumenta um pouco a proporção de pessoas brancas, para 45,46%


Resultados em 2018

O PMB conseguiu apenas três cadeiras nas Assembleias Legislativas do país: no Amapá, Rio de Janeiro e em Roraima. Enquanto isso, o PROS elegeu 20 deputados estaduais, três deles no Goiás, dois no Ceará e no Paraná, e apenas um no restante dos estados representados no mapa.

O PMB não elegeu nenhum deputado federal em 2018. Já o PROS conquistou 8 cadeiras na Câmara: foram dois nomes pelo Ceará, Minas Gerais e Paraná, e apenas um pelas outras unidades federativas que aparecem destacadas acima.

O PROS elegeu apenas um senador em 2018: Eduardo Girão pelo Ceará.

O PMB não elegeu senadores em 2018.

Nenhum dos dois partidos elegeu governadores em 2018.


História

O Partido da Mulher Brasileira foi registrado em 2015, num contexto de fragmentação partidária e crise de representação política. Suêd Haidar Nogueira, a fundadora do partido, fora antes filiada ao PDT e PCdoB. Ela foi pré-candidata ao Senado pelo PCdoB em 2010, mas sua candidatura não foi oficializada, dizendo em entrevista que foi apenas para que o partido tivesse mais tempo de televisão. Nogueira tinha experiência trabalhando com política de base, e desde 2008 vinha tentando fundar sua própria sigla. No ano de registro do partido, Nogueira disse que o partido não é feminista, mas feminino, apesar de reconhecer que movimentos feministas “abriram todas essas portas para que hoje nós tenhamos essa oportunidade de falar aqui de política partidária e da inserção da mulher”.

No programa do partido não há uma linha ideológica clara. A legenda se identifica como um partido de centro, mas Rosimere Machado de Jesus, presidente do diretório mineiro do PMB, afrimou que o PMB é um partido de direita. Entre suas principais bandeiras está garantir “uma maior representação das mulheres no Congresso Nacional” e a garantia de desenvolvimento social sem “caráter excludente e/ou discriminatório de quem quer que seja’’. No site do partido, também há destaque para a luta pela valorização social, moral, profissional e física da mulher.

Após a oficialização da sigla em 2015, um senador e 22 deputados — dos quais apenas 2 eram mulheres — migraram para o partido. No entanto, a vasta maioria deles — 20 dos 22 nomes — migrou para outras siglas no próximo ano.

Nogueira ocupa a presidência do partido desde a sua fundação. Nas urnas, o PMB usa o número 35.

O Partido Republicano da Ordem Social também é um partido recente. Foi fundado em 2010 e obteve o registro junto ao TSE em 2013. Assim como o PMB, não tem uma linha ideológica bem definida. Em seu site, o PROS enfatiza que sua principal bandeira é a redução de impostos, que “têm atrasado o desenvolvimento do Brasil e causado uma grande injustiça social”.

Desde sua fundação, teve pouca representação no Congresso e pouca expressão nacional. Em 2013, o então governador do Ceará Cid Gomes e seu irmão Ciro Gomes migraram para o partido. Os irmãos foram parte da legenda até 2015. Desde então, o fundador da legenda e atual presidente Eurípedes Gomes de Macedo Júnior voltou a ser a principal figura da agremiação. Júnior foi vereador de Planaltina (GO) entre 2008 e 2012, de onde começou a articular a criação do partido. Antes disso, foi caixeiro-viajante e vendedor.

O número eleitoral do PROS é 90.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); Resultados eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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Fernanda Nunes é repórter e editora do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em Números: PMB e PROS

Gráficos e mapas sobre dois partidos que refletem a fragmentação política brasileira

POR FERNANDA NUNES E ANTONIO PILTCHER

30/01/2021

Nesta edição do Partidos em Números, o Pindograma analisa a trajetória de dois partidos recentes, pequenos e sem uma ideologia definida: o Partido da Mulher Brasileira (PMB) e o Partido Republicano da Ordem Social (PROS).


Filiados

O PMB é um partido muito pequeno. Cresceu desde sua fundação em 2015, mas hoje ainda conta com pouco mais de 40 mil filiados.

Já o PROS é maior em termos de filiados, com cerca de 100 mil membros. Antes das eleições municipais de 2016, a legenda teve o maior salto no número de filiados, um período em que legendas comumente ganham mais integrantes.

Tanto o PMB quanto o PROS são mais jovens do que grandes partidos tradicionais na política brasileira.

O PMB é um dos poucos partidos que tem uma maioria de mulheres entre seus filiados: 54,9%. Além dele, apenas o Republicanos tem mais da metade dos seus filiados composta por mulheres.

O PROS segue uma tendência mais comum entre os partidos brasileiros. Ao longo dos últimos anos, houve um aumento sutil na proporção de mulheres filiadas, e atualmente elas formam 41,6% do total de filiados.

Os estados do Acre e Amapá aparecem no topo quando se trata da concentração de filiados de ambos os partidos. O PMB tem 219 filiados a cada 100 mil eleitores no primeiro, e 201 no segundo. Já o PROS tem maior concentração de filiados no Amapá (são 503 a cada 100 mil eleitores) e depois no Acre (315). Isso é incomum para partidos brasileiros, e está relacionado ao tamanho pequeno tanto do PMB e do PROS.

Em números absolutos, a cifra de filiados tende a acompanhar o tamanho da população dos estados. Para as duas legendas, a maior quantidade de filiados está em São Paulo.


Financiamento

Devido a sua baixíssima representação no Congresso, o PMB recebeu menos de 1% do fundo partidário desde sua fundação. Em 2018, o PMB não atingiu os 1,5% dos votos para deputado federal em nove estados e ao menos 1% de votos em cada um deles, o mínimo de votação exigida pela cláusula de barreira estabelecida em 2017. Como consequência, deixou de receber verbas do fundo partidário e também tempo de propaganda eleitoral gratuita na TV e rádio. No entanto, em 2020, recebeu R$1.233.305,95 do Fundo Eleitoral.

Já o PROS recebeu uma fatia maior do Fundo Partidário, apesar de ainda ser pequena – pouco mais de 2% desde 2015, após a eleição de seus primeiros deputados federais. A legenda recebeu R$37.187.846,96 do Fundo Eleitoral para as últimas eleições.


Eleições 2020

O PMB lançou apenas 53 candidaturas, distribuídas por todas as regiões do país. Apenas uma foi eleita: Marina, em Guapimirim (RJ).

Já o PROS lançou 277 candidatos, a maior parte deles na região Sudeste e Nordeste. Destes, 41 foram vitoriosos.

Nas eleições para prefeituras em 2020, o PMB formou coligações em 19 das suas candidaturas. O maior apoio veio do PROS, seguido pelo DEM e PSDB.

O PROS foi apoiado 325 vezes por outros partidos, em lugares diferentes do espectro ideológico, englobando desde o PSL até o PC do B.

Como é comum entre partidos menores, PMB e PROS apoiaram chapas de outros partidos mais frequentemente do que lançaram suas próprias candidaturas. Entre os partidos que obtiveram mais apoio, se destacam MDB, DEM, e PSD.

2.358 pessoas disputaram vereanças pelo PMB, espalhadas pelo país, e com destaque para a região Sudeste. Destas, 45 foram eleitas.

Já o PROS lançou 10.413 candidatos. As candidaturas estavam concentradas no Paraná e na região Sudeste. 748 dos candidatos que concorreram obtiveram sucesso.

A principal ideia do PMB é aumentar a participação de mulheres na política, mas não se vê isso na prática. Apenas 35,5% dos candidatos do partido eram mulheres em 2020, o que acompanha a tendência da grande maioria dos partidos políticos brasileiros. Além disso, 37,8% do total de candidatos eram brancos, enquanto 59,8% se identificaram como pretos ou pardos. Já entre os eleitos pelo partido, 87% eram homens.

O PROS teve 66,28% do total de candidatos composto por homens, e 40% dos candidatos composto por pessoas brancas. Outros 57,78% se declararam pretos ou pardos. Assim como foi o caso do PMB, a proporção de homens é maior entre os eleitos: 85%. Também aumenta um pouco a proporção de pessoas brancas, para 45,46%


Resultados em 2018

O PMB conseguiu apenas três cadeiras nas Assembleias Legislativas do país: no Amapá, Rio de Janeiro e em Roraima. Enquanto isso, o PROS elegeu 20 deputados estaduais, três deles no Goiás, dois no Ceará e no Paraná, e apenas um no restante dos estados representados no mapa.

O PMB não elegeu nenhum deputado federal em 2018. Já o PROS conquistou 8 cadeiras na Câmara: foram dois nomes pelo Ceará, Minas Gerais e Paraná, e apenas um pelas outras unidades federativas que aparecem destacadas acima.

O PROS elegeu apenas um senador em 2018: Eduardo Girão pelo Ceará.

O PMB não elegeu senadores em 2018.

Nenhum dos dois partidos elegeu governadores em 2018.


História

O Partido da Mulher Brasileira foi registrado em 2015, num contexto de fragmentação partidária e crise de representação política. Suêd Haidar Nogueira, a fundadora do partido, fora antes filiada ao PDT e PCdoB. Ela foi pré-candidata ao Senado pelo PCdoB em 2010, mas sua candidatura não foi oficializada, dizendo em entrevista que foi apenas para que o partido tivesse mais tempo de televisão. Nogueira tinha experiência trabalhando com política de base, e desde 2008 vinha tentando fundar sua própria sigla. No ano de registro do partido, Nogueira disse que o partido não é feminista, mas feminino, apesar de reconhecer que movimentos feministas “abriram todas essas portas para que hoje nós tenhamos essa oportunidade de falar aqui de política partidária e da inserção da mulher”.

No programa do partido não há uma linha ideológica clara. A legenda se identifica como um partido de centro, mas Rosimere Machado de Jesus, presidente do diretório mineiro do PMB, afrimou que o PMB é um partido de direita. Entre suas principais bandeiras está garantir “uma maior representação das mulheres no Congresso Nacional” e a garantia de desenvolvimento social sem “caráter excludente e/ou discriminatório de quem quer que seja’’. No site do partido, também há destaque para a luta pela valorização social, moral, profissional e física da mulher.

Após a oficialização da sigla em 2015, um senador e 22 deputados — dos quais apenas 2 eram mulheres — migraram para o partido. No entanto, a vasta maioria deles — 20 dos 22 nomes — migrou para outras siglas no próximo ano.

Nogueira ocupa a presidência do partido desde a sua fundação. Nas urnas, o PMB usa o número 35.

O Partido Republicano da Ordem Social também é um partido recente. Foi fundado em 2010 e obteve o registro junto ao TSE em 2013. Assim como o PMB, não tem uma linha ideológica bem definida. Em seu site, o PROS enfatiza que sua principal bandeira é a redução de impostos, que “têm atrasado o desenvolvimento do Brasil e causado uma grande injustiça social”.

Desde sua fundação, teve pouca representação no Congresso e pouca expressão nacional. Em 2013, o então governador do Ceará Cid Gomes e seu irmão Ciro Gomes migraram para o partido. Os irmãos foram parte da legenda até 2015. Desde então, o fundador da legenda e atual presidente Eurípedes Gomes de Macedo Júnior voltou a ser a principal figura da agremiação. Júnior foi vereador de Planaltina (GO) entre 2008 e 2012, de onde começou a articular a criação do partido. Antes disso, foi caixeiro-viajante e vendedor.

O número eleitoral do PROS é 90.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); Resultados eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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Fernanda Nunes

é repórter e editora do Pindograma.

Antonio Piltcher

é cientista de dados do Pindograma.

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