Partidos em números: PDT


Gráficos e mapas para entender como o quinto maior partido do Brasil chega nas eleições de 2020
POR JOÃO GADO F. COSTA E ANTONIO PILTCHER • 14/11/2020

A série Partidos em Números continua com o único partido brasileiro fundado no estrangeiro, o Partido Democrático Trabalhista ou PDT.


Eleições 2020

O Ceará, o Maranhão e o Rio Grande do Sul são os estados que mais concentram candidatos a prefeito pelo PDT. O partido tem candidatos em todos os estados, mas a região Norte e os outros estados do Nordeste têm um número pequeno quando comparados aos estados do Sul e Sudeste.

O partido que mais apoiou candidatos do PDT em 2020 foi o PT. Depois do PT, o PSB e MDB são os principais aliados da legenda. O Centrão é o próximo grupo que mais apoia o PDT, mas o partido fez alianças com quase todos os partidos do Brasil, com exceção do Novo e de partidos de esquerda radical.

O gráfico de apoio do PDT a outros partidos é semelhante ao de cima, mas aqui o Centrão tem mais apoio que o PT e o PSB, sendo MDB, PSD e PP os que mais foram apoiados pela legenda. Os demais partidos tiveram poucas chapas integradas pelo PDT.

O Ceará, o Maranhão e o Rio Grande do Sul são os estados com maior concentração de candidatos a vereador pelo PDT. Isso é semelhante ao que acontece no mapa de candidatos a prefeito.

Os candidatos do PDT em 2020 são em sua maioria pretos, pardos, indígenas ou amarelos, sendo que brancos representam 49,44% das candidaturas totais. Quando se trata de gênero, no entanto, o partido ainda está mais desequilibrado em relação à população brasileira: apenas um a cada três candidatos é mulher.


Financiamento

Refletindo sua posição como um dos maiores partidos do país, o PDT recebeu em torno de 5% do valor distribuído pelo Fundo Partidário em 2019. Este valor é similar ao que recebia antes de 2014, indicando que os anos de 2014 a 2018 foram atípicos para o partido.

Em 2020 o partido recebeu também R$103.314.544,11 para distribuir entre seus candidatos nas eleições municipais como parte do Fundo Eleitoral.


Filiados

O PDT é o quinto maior partido do Brasil em número de filiados. A base do partido geralmente só tem crescimento significativo antes de eleições municipais.

O PDT é um partido com uma base mais velha. A grande maioria de seus filiados têm entre 45 e 69 anos, sendo que menos de 10% do partido tem menos de 35 anos.

Assim como a maioria dos partidos deste tamanho, o PDT ainda é composto em sua maioria por homens, mas a proporção de mulheres no partido vem aumentando.

Provavelmente pelo legado de Leonel Brizola, o estado que tem a maior concentração de filiados ao PDT é o Rio Grande do Sul, onde o número chega a 2.782 filiados a cada 100 mil eleitores. Outros estados com muitos pedetistas são Amapá, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo.


Eleições 2018

O PDT está presente em quase todas as Assembleias Legislativas do país, ficando fora apenas nos estados de Roraima, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Os Estados com maior presença do partido são também o Ceará, Maranhão e Rio Grande do Sul.

A bancada do PDT pelo Ceará é a mais forte de todo o país, e o Nordeste é a região que mais concentra seus deputados. Devido ao baixo número de deputados pelo Acre e por Rondônia, o partido parece representar uma bancada maior nestes estados, mesmo tendo apenas um deputado em cada um destes estados. A região Norte é onde o partido tem menos deputados eleitos.

Nas duas últimas eleições gerais, o PDT elegeu 6 senadores por todas as regiões do país, exceto o Sudeste. Atualmente, devido a trocas de legenda, o partido conta com apenas 3 membros no Senado, de Rondônia, do Maranhão e do Ceará.

Atualmente, o único governador do PDT é Waldez Goés, do Amapá.


História

O PDT é único entre os partidos do Brasil, pois sua fundação ocorreu fora do Brasil, em Lisboa.

Em 1979, o político Leonel Brizola encontrava-se no exílio devido à ditadura militar. O gaúcho fora governador de seu estado até o golpe de 1964 pelo Partido Trabalhista Brasileiro. O PTB de então — trabalhista e de centro-esquerda — era o partido do legado de Getúlio Vargas e do então presidente João Goulart. Com o processo de abertura política da ditadura, Brizola — ainda em exílio — começou a movimentar lideranças trabalhistas brasileiras para refundar o partido ao qual pertencera. No entanto, a sobrinha-neta de Getúlio, Ivete Vargas, liderava outro grupo de ex-integrantes do PTB e ganhou judicialmente o direito de usar o nome da antiga legenda.

Sem poder refundar o PTB, Brizola e seu grupo fundaram outro partido, que chamaram de Partido Democrático Trabalhista, ou PDT, registrado oficialmente em 1981. Em seu manifesto, o PDT afirmava a “defesa da democracia, do nacionalismo e do socialismo” e reivindicava o legado trabalhista e as posições de esquerda da década de 1960.

Brizola foi a principal figura do partido em seus primeiros anos e se elegeu governador do Rio de Janeiro em 1982, na primeira eleição após o fim do bipartidarismo. Com o fim da ditadura militar em 1985, o PDT apoiou Tancredo Neves para a presidência. Já em 1989, na primeira eleição direta para presidente, Brizola se lançou candidato. O pedetista terminou em terceiro lugar, ficando atrás de Lula (PT), que recebeu seu apoio no segundo turno.

Brizola se elegeria governador do Rio de Janeiro novamente em 1990. Em 1994, se candidatou novamente à presidência, mas ficou apenas em quinto lugar. A partir desta derrota, Brizola começou a perder força no partido, embora ainda o comandasse.

O PDT foi opositor do governo de Fernando Henrique Cardoso nos dois mandatos. Em 2002, apoiou a candidatura presidencial de Ciro Gomes. Apesar da derrota, o PDT passou a integrar o governo de Lula. Foi governista em ambos os mandatos de Lula e integrou a coligação de Dilma Rousseff nas suas corridas presidenciais de 2010 e 2014. O partido se posicionou oficialmente contra o impedimento da presidente, mas alguns de seus parlamentares votaram a favor da deposição.

Desde 2015, quando se filiou ao PDT, Ciro Gomes é a principal liderança do partido. Foi o candidato à presidência em 2018, quando terminou terceiro lugar recebendo 12,47% dos votos. O partido passou a fazer parte da oposição quando Jair Bolsonaro (então do PSL, hoje sem partido) assumiu a presidência da república. Atualmente, o PDT é presidido por Carlos Lupi.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em números: PDT

Gráficos e mapas para entender como o quinto maior partido do Brasil chega nas eleições de 2020

A série Partidos em Números continua com o único partido brasileiro fundado no estrangeiro, o Partido Democrático Trabalhista ou PDT.


Eleições 2020

O Ceará, o Maranhão e o Rio Grande do Sul são os estados que mais concentram candidatos a prefeito pelo PDT. O partido tem candidatos em todos os estados, mas a região Norte e os outros estados do Nordeste têm um número pequeno quando comparados aos estados do Sul e Sudeste.

O partido que mais apoiou candidatos do PDT em 2020 foi o PT. Depois do PT, o PSB e MDB são os principais aliados da legenda. O Centrão é o próximo grupo que mais apoia o PDT, mas o partido fez alianças com quase todos os partidos do Brasil, com exceção do Novo e de partidos de esquerda radical.

O gráfico de apoio do PDT a outros partidos é semelhante ao de cima, mas aqui o Centrão tem mais apoio que o PT e o PSB, sendo MDB, PSD e PP os que mais foram apoiados pela legenda. Os demais partidos tiveram poucas chapas integradas pelo PDT.

O Ceará, o Maranhão e o Rio Grande do Sul são os estados com maior concentração de candidatos a vereador pelo PDT. Isso é semelhante ao que acontece no mapa de candidatos a prefeito.

Os candidatos do PDT em 2020 são em sua maioria pretos, pardos, indígenas ou amarelos, sendo que brancos representam 49,44% das candidaturas totais. Quando se trata de gênero, no entanto, o partido ainda está mais desequilibrado em relação à população brasileira: apenas um a cada três candidatos é mulher.


Financiamento

Refletindo sua posição como um dos maiores partidos do país, o PDT recebeu em torno de 5% do valor distribuído pelo Fundo Partidário em 2019. Este valor é similar ao que recebia antes de 2014, indicando que os anos de 2014 a 2018 foram atípicos para o partido.

Em 2020 o partido recebeu também R$103.314.544,11 para distribuir entre seus candidatos nas eleições municipais como parte do Fundo Eleitoral.


Filiados

O PDT é o quinto maior partido do Brasil em número de filiados. A base do partido geralmente só tem crescimento significativo antes de eleições municipais.

O PDT é um partido com uma base mais velha. A grande maioria de seus filiados têm entre 45 e 69 anos, sendo que menos de 10% do partido tem menos de 35 anos.

Assim como a maioria dos partidos deste tamanho, o PDT ainda é composto em sua maioria por homens, mas a proporção de mulheres no partido vem aumentando.

Provavelmente pelo legado de Leonel Brizola, o estado que tem a maior concentração de filiados ao PDT é o Rio Grande do Sul, onde o número chega a 2.782 filiados a cada 100 mil eleitores. Outros estados com muitos pedetistas são Amapá, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo.


Eleições 2018

O PDT está presente em quase todas as Assembleias Legislativas do país, ficando fora apenas nos estados de Roraima, Tocantins, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe. Os Estados com maior presença do partido são também o Ceará, Maranhão e Rio Grande do Sul.

A bancada do PDT pelo Ceará é a mais forte de todo o país, e o Nordeste é a região que mais concentra seus deputados. Devido ao baixo número de deputados pelo Acre e por Rondônia, o partido parece representar uma bancada maior nestes estados, mesmo tendo apenas um deputado em cada um destes estados. A região Norte é onde o partido tem menos deputados eleitos.

Nas duas últimas eleições gerais, o PDT elegeu 6 senadores por todas as regiões do país, exceto o Sudeste. Atualmente, devido a trocas de legenda, o partido conta com apenas 3 membros no Senado, de Rondônia, do Maranhão e do Ceará.

Atualmente, o único governador do PDT é Waldez Goés, do Amapá.


História

O PDT é único entre os partidos do Brasil, pois sua fundação ocorreu fora do Brasil, em Lisboa.

Em 1979, o político Leonel Brizola encontrava-se no exílio devido à ditadura militar. O gaúcho fora governador de seu estado até o golpe de 1964 pelo Partido Trabalhista Brasileiro. O PTB de então — trabalhista e de centro-esquerda — era o partido do legado de Getúlio Vargas e do então presidente João Goulart. Com o processo de abertura política da ditadura, Brizola — ainda em exílio — começou a movimentar lideranças trabalhistas brasileiras para refundar o partido ao qual pertencera. No entanto, a sobrinha-neta de Getúlio, Ivete Vargas, liderava outro grupo de ex-integrantes do PTB e ganhou judicialmente o direito de usar o nome da antiga legenda.

Sem poder refundar o PTB, Brizola e seu grupo fundaram outro partido, que chamaram de Partido Democrático Trabalhista, ou PDT, registrado oficialmente em 1981. Em seu manifesto, o PDT afirmava a “defesa da democracia, do nacionalismo e do socialismo” e reivindicava o legado trabalhista e as posições de esquerda da década de 1960.

Brizola foi a principal figura do partido em seus primeiros anos e se elegeu governador do Rio de Janeiro em 1982, na primeira eleição após o fim do bipartidarismo. Com o fim da ditadura militar em 1985, o PDT apoiou Tancredo Neves para a presidência. Já em 1989, na primeira eleição direta para presidente, Brizola se lançou candidato. O pedetista terminou em terceiro lugar, ficando atrás de Lula (PT), que recebeu seu apoio no segundo turno.

Brizola se elegeria governador do Rio de Janeiro novamente em 1990. Em 1994, se candidatou novamente à presidência, mas ficou apenas em quinto lugar. A partir desta derrota, Brizola começou a perder força no partido, embora ainda o comandasse.

O PDT foi opositor do governo de Fernando Henrique Cardoso nos dois mandatos. Em 2002, apoiou a candidatura presidencial de Ciro Gomes. Apesar da derrota, o PDT passou a integrar o governo de Lula. Foi governista em ambos os mandatos de Lula e integrou a coligação de Dilma Rousseff nas suas corridas presidenciais de 2010 e 2014. O partido se posicionou oficialmente contra o impedimento da presidente, mas alguns de seus parlamentares votaram a favor da deposição.

Desde 2015, quando se filiou ao PDT, Ciro Gomes é a principal liderança do partido. Foi o candidato à presidência em 2018, quando terminou terceiro lugar recebendo 12,47% dos votos. O partido passou a fazer parte da oposição quando Jair Bolsonaro (então do PSL, hoje sem partido) assumiu a presidência da república. Atualmente, o PDT é presidido por Carlos Lupi.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa

é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher

é cientista de dados do Pindograma.

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