Os caminhos de Paes e Crivella à prefeitura


Confira onde os seis candidatos mais votados do primeiro turno no Rio receberam seus votos
POR FRANCISCO RICCI • 24/11/2020

Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) se enfrentarão no segundo turno da disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Para entender como os candidatos chegaram até aqui, o Pindograma analisou o voto nos principais candidatos em diferentes partes da Cidade Maravilhosa.


Eduardo Paes obteve a maior votação: 974 mil votos ou 37,01% dos votos válidos. Esse ano, Paes conseguiu alta votação em quase toda a cidade, embora tenha obtido um apoio sem paralelo nos bairros mais ricos. Em Ipanema, na Barra e no Leblon, o candidato poderia ter vencido no primeiro turno. Mesmo em áreas onde Paes foi pior, como o Complexo do Alemão e o Jacarezinho, ele teve uma votação próxima de 20% dos votos totais.

Em segundo lugar, com 21,9% dos votos válidos, está o atual prefeito Marcelo Crivella, que conta com o apoio de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele recebeu pouquíssimos votos na Zona Sul da cidade mas conseguiu chegar ao segundo turno graças a sua alta votação na Zona Oeste e em algumas favelas da Zona Norte como a do Jacarezinho, onde conquistou aproximadamente 30% dos votos. Crivella também obteve muitos votos na Vila Militar, reduto eleitoral do bolsonarismo no Rio de Janeiro. Não por acaso, o ex-pastor da Igreja Universal contou com maior apoio onde há maior presença de evangélicos na cidade, como é o caso dos distritos de Santa Cruz e Campo Grande.

Fora do segundo turno com 11,3% dos votos, a candidata Delegada Martha Rocha (PDT) teve sucesso nos bairros de classe média na Zona Norte, como a Tijuca, o Méier e a Penha, bairro onde mora e foi criada.

Em quarto lugar, a candidata Benedita da Silva (PT) recebeu uma votação concentrada em poucas áreas. Com votação pouco abaixo dos 10% em boa parte da cidade, o voto petista ficou concentrado no bairro de classe média-alta de Laranjeiras — reduto do eleitorado de esquerda na cidade — e das favelas da Rocinha e do Vidigal.

Com o apoio de bolsonaristas como a deputada Bia Kicis, Luiz Lima (PSL) dividiu o voto da direita na cidade, terminando com 6,85% dos votos. Com poucos votos, embora bastante distribuídos pela cidade, o candidato teve sua maior concentração de votos na Vila Militar e em partes da Barra da Tijuca.

Por fim, Renata Souza (PSOL) conquistou apenas 3,24% dos votos, concentrados em poucas partes da cidade. A candidata, que foi criada no Complexo da Maré, teve o maior apoio em sua própria comunidade. Mas, diferente de 2016, o PSOL não conseguiu se firmar como a principal força de esquerda na cidade.


Uma reportagem recente do Pindograma mostrou que o voto de classe é a regra nas eleições municipais das grandes cidades brasileiras. No Rio, em particular, o candidato que concentrava maior apoio entre os eleitores de menor renda venceu as últimas três eleições — fosse Eduardo Paes em 2008 e 2012, fosse Marcelo Crivella em 2016. Isso pode mudar neste pleito. Este ano, Paes, o candidato preferido pelos mais ricos, é o franco favorito para assumir a prefeitura.


Dados utilizados na matéria: Locais de Votação (Pindograma); Votação por Seção Eleitoral (Tribunal Superior Eleitoral).

Contribuíram com dados: Daniel Ferreira e Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Wikimedia/Mídia Ninja; Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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Francisco Ricci é fundador e repórter do Pindograma.

Os caminhos de Paes e Crivella à prefeitura

Confira onde os seis candidatos mais votados do primeiro turno no Rio receberam seus votos

POR FRANCISCO RICCI

24/11/2020

Eduardo Paes (DEM) e Marcelo Crivella (Republicanos) se enfrentarão no segundo turno da disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Para entender como os candidatos chegaram até aqui, o Pindograma analisou o voto nos principais candidatos em diferentes partes da Cidade Maravilhosa.


Eduardo Paes obteve a maior votação: 974 mil votos ou 37,01% dos votos válidos. Esse ano, Paes conseguiu alta votação em quase toda a cidade, embora tenha obtido um apoio sem paralelo nos bairros mais ricos. Em Ipanema, na Barra e no Leblon, o candidato poderia ter vencido no primeiro turno. Mesmo em áreas onde Paes foi pior, como o Complexo do Alemão e o Jacarezinho, ele teve uma votação próxima de 20% dos votos totais.

Em segundo lugar, com 21,9% dos votos válidos, está o atual prefeito Marcelo Crivella, que conta com o apoio de Jair Bolsonaro (sem partido). Ele recebeu pouquíssimos votos na Zona Sul da cidade mas conseguiu chegar ao segundo turno graças a sua alta votação na Zona Oeste e em algumas favelas da Zona Norte como a do Jacarezinho, onde conquistou aproximadamente 30% dos votos. Crivella também obteve muitos votos na Vila Militar, reduto eleitoral do bolsonarismo no Rio de Janeiro. Não por acaso, o ex-pastor da Igreja Universal contou com maior apoio onde há maior presença de evangélicos na cidade, como é o caso dos distritos de Santa Cruz e Campo Grande.

Fora do segundo turno com 11,3% dos votos, a candidata Delegada Martha Rocha (PDT) teve sucesso nos bairros de classe média na Zona Norte, como a Tijuca, o Méier e a Penha, bairro onde mora e foi criada.

Em quarto lugar, a candidata Benedita da Silva (PT) recebeu uma votação concentrada em poucas áreas. Com votação pouco abaixo dos 10% em boa parte da cidade, o voto petista ficou concentrado no bairro de classe média-alta de Laranjeiras — reduto do eleitorado de esquerda na cidade — e das favelas da Rocinha e do Vidigal.

Com o apoio de bolsonaristas como a deputada Bia Kicis, Luiz Lima (PSL) dividiu o voto da direita na cidade, terminando com 6,85% dos votos. Com poucos votos, embora bastante distribuídos pela cidade, o candidato teve sua maior concentração de votos na Vila Militar e em partes da Barra da Tijuca.

Por fim, Renata Souza (PSOL) conquistou apenas 3,24% dos votos, concentrados em poucas partes da cidade. A candidata, que foi criada no Complexo da Maré, teve o maior apoio em sua própria comunidade. Mas, diferente de 2016, o PSOL não conseguiu se firmar como a principal força de esquerda na cidade.


Uma reportagem recente do Pindograma mostrou que o voto de classe é a regra nas eleições municipais das grandes cidades brasileiras. No Rio, em particular, o candidato que concentrava maior apoio entre os eleitores de menor renda venceu as últimas três eleições — fosse Eduardo Paes em 2008 e 2012, fosse Marcelo Crivella em 2016. Isso pode mudar neste pleito. Este ano, Paes, o candidato preferido pelos mais ricos, é o franco favorito para assumir a prefeitura.


Dados utilizados na matéria: Locais de Votação (Pindograma); Votação por Seção Eleitoral (Tribunal Superior Eleitoral).

Contribuíram com dados: Daniel Ferreira e Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Wikimedia/Mídia Ninja; Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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Francisco Ricci

é fundador e repórter do Pindograma.

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