Partidos em números: Novo e Patriota


Gráficos e mapas para entender como os dois partidos da nova direita chegam nas eleições de 2020
POR FERNANDA NUNES E ANTONIO PILTCHER • 10/11/2020

Nesta edição da série Partidos em Números, o Pindograma traz dois partidos da “nova direita” brasileira. Ambos ganharam destaque nos últimos anos, mas têm diferenças significativas entre si: o Partido Novo e o Patriota.

O Novo é disciplinadamente liberal e foi criado como uma resposta à falta de confiança e indignação com os partidos mais antigos e com a política partidária de forma geral. Já o Patriota nasceu sem declarar uma uma ideologia clara, mas sempre defendeu pautadas alinhadas ao conservadorismo cristão.

Além disso, ambos têm pouca representatividade no Congresso, com poucos deputados e nenhum senador.


Eleições 2020

O Novo está na disputa do executivo municipal em apenas 28 cidades, principalmente em capitais e regiões metropolitanas. A maioria das suas candidaturas estão concentradas no Sudeste e Sul. O partido tem um processo seletivo para selecionar seus candidatos em que concorreram 471 interessados de 68 cidades.

Esse número muito reduzido contrasta com o Patriota, que tem 427 candidatos a prefeituras em todas as regiões do país, mas. Aparece com menos peso nos estados do Nordeste e com mais frequência em capitais e regiões urbanas.

O Novo não tem apoio de nenhum outro partido nas eleições de 2020, algo extremamente incomum na política partidária brasileira. Além do Novo, apenas o Partido da Causa Operária não forma coligações. O Patriota é um partido mais propenso a alianças: dos 427 candidatos do Patriota, 162 receberam apoio de 27 partidos. As coligações estão bem distribuídas, principalmente entre partidos de centro e de direita.

O Novo também não apoiou nenhum outro partido nas eleições de 2020. O Patriota, em contrapartida, integra 767 coligações lideradas por outros 26 partidos. Entre esses, destacam-se partidos do Centrão como MDB, PSDB e PSD, assim como outros ao centro e à direita do espectro político.

O Novo ainda tem pouca capilaridade pelo país. Seus candidatos a vereador estão presentes apenas em capitais, regiões metropolitanas e alguns grandes centros urbanos. A maior parte está nas regiões Sudeste e Sul. Já o Patriota tem candidatos em todas as regiões, mas aparecem em maior número no Sudeste, Centro Oeste e Norte do país.

O Novo tem uma grande disparidade de gênero e raça entre seus candidatos. 51,30% do partido é composto por homens brancos e homens compõem aproximadamente dois terços das candidaturas. Do terço restante, composto por mulheres, 86% são brancas. No total, 4 a cada 5 candidatos do Novo são brancos.

O Patriota tem mais diversidade entre candidatos e candidatas. Pouco menos da metade dos candidatos concorrendo pelo Patriota se identificou como branca (49,19%) e 38,47% do total se declararam pardos. Além disso, 32,84% são mulheres, uma proporção similar ao de outros partidos maiores.


Financiamento

Nos 4 primeiros anos a partir de sua fundação, o Novo teve direito a pouquíssimos recursos do Fundo Partidário. Em 2018, após um maior sucesso eleitoral, essa proporção aumentou.

Porém, o Novo defende que partidos não sejam financiados por dinheiro público e não utiliza esses recursos. Atualmente, investe a quantia no Banco do Brasil e procura devolvê-la ao Tesouro Nacional. A legenda também recusou receber do Fundo Eleitoral.

Antes de se fundir ao Partido Republicano Progressista em 2019, o Patriota recebia menos de 1% do Fundo Partidário, devido à baixa representação em cargos eletivos. Em 2019, passou a receber pouco mais de 2%, após absorver os filiados e eleitos do PRP.

Em 2020, o Patriota recebeu R$ 35.139.355,52 do Fundo Eleitoral.


Filiados

Apesar de ainda ser um partido pequeno, o Novo vem crescendo nos anos desde sua criação: o número de filiados em 2020 é 5 vezes maior do que era no final de 2016.

O PEN, nome antigo do Patriota, era um partido nanico e a legenda segue sendo pequena. O salto no número de filiados em 2019 é devido à união ao PRP e à consequente absorção de seus filiados. Com esta fusão, o partido passou a estar mais próximo de legendas médias.

O Novo é mais jovem do que outros partidos mais tradicionais: a maior parte de seus filiados têm entre 25 e 44 anos. O Patriota também é relativamente jovem quando comparado a outros partidos brasileiros. Vinha envelhecendo pouco nos últimos anos, mas a absorção do PRP acentuou esta tendência.

Entre seus filiados, o Novo tem a maior disparidade de gênero de qualquer partido brasileiro. Nos últimos 4 anos, dobrou a proporção de mulheres filiadas, mas os dados mais recentes do TSE mostram que elas ainda compõem apenas 20,6% do total de seus quadros.

Diferente da maioria dos partidos brasileiros, o Patriota estava em uma tendência de diminuição na proporção de mulheres filiadas. A absorção do PRP, no entanto, mudou isso. Hoje, elas representam pouco menos da metade do total de filiados, 44,6%.

Os dois partidos têm mais força em regiões diferentes do país: o Novo tem pouca presença no Norte e Nordeste e seus filiados se concentram no Sul e Sudeste, enquanto o oposto é válido para o Patriota.

A maior concentração de filiados ao Novo proporcionalmente ao total de eleitores de cada estado está em Santa Catarina (64 filiados por 100 mil eleitores), seguido do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Ainda assim, é um número bastante baixo se comparado a partidos mais tradicionais.

Já Roraima é o estado com mais filiados ao Patriota por 100 mil eleitores: são 2.071 (32 vezes mais que o Novo em SC). O estado é seguido pelo Maranhão, Alagoas e Tocantins, mas estes não ultrapassam 1.000 filiados por 100 mil eleitores.


Resultados em 2018

2018 foi o primeiro ano em que o Novo participou de eleições nacionais, elegendo 12 deputados estaduais. O partido obteve sucesso em 4 estados do Sul e Sudeste do país, além de uma deputada distrital no Distrito Federal.

Em 2018, foram eleitos 16 deputados estaduais filiados ao Patriota. O Ceará foi o estado com mais nomes (3), seguido de Roraima, Minas Gerais e Paraíba, todos com 2 deputados.

Foram eleitos 8 deputados federais do Novo em 2018, novamente concentrados no Sul e Sudeste. A maior porcentagem é de Santa Catarina, que elegeu apenas um deputado mas tem bancada pequena no Congresso. São Paulo elegeu o maior número absoluto de deputados federais do Novo (3).

O Patriota elegeu um total de 5 deputados federais — dois em Minas Gerais, e um no Ceará, no Maranhão e em Pernambuco.

Nenhum dos dois partidos elegeu senadores em 2018.

O empresário mineiro Romeu Zema foi o primeiro governador eleito pelo partido Novo, em 2018. Já o Patriota não elegeu nenhum governador no último pleito.


História

Ambos os partidos são relativamente recentes: o Patriota foi criado em 2012 como Partido Ecológico Nacional, e o Novo tem origem em 2015. Entre suas características comuns, defendem um aparato estatal menor e mais incentivos à iniciativa privada. No entanto, têm diferenças ideológicas importantes, principalmente com relação a pautas sociais e costumes.

O Novo foi fundado em 2011, e obteve seu registro no TSE em 2015. Por esse motivo, participou de apenas dois ciclos eleitorais, em 2016 e 2018.

O partido vem crescendo em número de filiados e visibilidade na política nacional. Em 2018, elegeu seu primeiro governador — Romeu Zema em Minas Gerais — numa das maiores surpresas daquele ano. Além de Zema, elegeram-se 8 deputados federais e 12 deputados estaduais. No mesmo ano, o primeiro presidente e fundador do partido, João Amoêdo, concorreu à Presidência e terminou em 5o lugar, com 2,5% dos votos válidos.

Amoêdo, assim como a vasta maioria do partido, nunca tinha se envolvido com política partidária antes do Novo. Descrito como “cidadão comum” na página do partido, o principal nome da legenda é engenheiro e foi banqueiro, atuando em grandes instituições como Unibanco e Itaú BBA. Além de Amoêdo, outros fundadores do Novo atuaram no mercado financeiro, em grandes bancos e empresas.

O Novo defende um Estado menor, com redução de impostos e “sem estatais ineficientes”. Em vez de utilizar recursos do Fundo Partidário, o Novo é financiado principalmente através de doações e por seus filiados, que pagam uma mensalidade.

O Patriota é um partido de direita e conservador, muito atrelado a pautas cristãs. Originalmente, era o “Partido Ecológico Nacional” — apesar de não ter nenhuma ligação com pautas ambientais e criticar a “histeria propagada pelo obscurecimento da causa ambiental”, que segundo o partido, subverte valores ocidentais.

A legenda foi fundada por Adilson Barroso, político mineiro que já passou pelo PTB, PFL, PSC e PSL. Barroso ocupa a presidência do partido desde sua fundação. Recentemente, o partido passou por mudanças importantes: em abril de 2018, o PEN passou a ser Patriota, uma exigência do então presidenciável Jair Bolsonaro para se filiar ao partido, o que acabou não acontecendo. No ano seguinte, se fundiu ao Partido Republicano Progressista, pois nenhum dos dois havia atingido a cláusula de barreira em 2018, que dá direito de acesso ao Fundo Partidário.

No seu programa, o partido enfatiza o “respeito à doutrina conservadora cristã”, a defesa de maior descentralização entre os níveis de poder e pautas de segurança nacional, entre elas um maior controle migratório, a redução da maioridade penal e o direito à posse de armas de fogo.

Nas últimas eleições presidenciais, lançou Cabo Daciolo (hoje filiado ao Partido Liberal) como candidato. Daciolo defendeu pautas ultraconservadoras, inclusive o fim do Estado laico. Ele obteve 1,26% dos votos válidos, terminando em 6o lugar na disputa pela presidência. No segundo turno, o Patriota apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro pelo PSL.

Diferentemente do Patriota, o Novo não declarou apoio a nenhum candidato no segundo turno, e afirmou que seria independente do governo. Durante a presidência de Jair Bolsonaro, no entanto, os dois partidos efetivamente fazem parte da base do presidente: votaram com o governo mais de 90% das vezes na Câmara.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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Fernanda Nunes é repórter e editora do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em números: Novo e Patriota

Gráficos e mapas para entender como os dois partidos da nova direita chegam nas eleições de 2020

POR FERNANDA NUNES E ANTONIO PILTCHER

10/11/2020

Nesta edição da série Partidos em Números, o Pindograma traz dois partidos da “nova direita” brasileira. Ambos ganharam destaque nos últimos anos, mas têm diferenças significativas entre si: o Partido Novo e o Patriota.

O Novo é disciplinadamente liberal e foi criado como uma resposta à falta de confiança e indignação com os partidos mais antigos e com a política partidária de forma geral. Já o Patriota nasceu sem declarar uma uma ideologia clara, mas sempre defendeu pautadas alinhadas ao conservadorismo cristão.

Além disso, ambos têm pouca representatividade no Congresso, com poucos deputados e nenhum senador.


Eleições 2020

O Novo está na disputa do executivo municipal em apenas 28 cidades, principalmente em capitais e regiões metropolitanas. A maioria das suas candidaturas estão concentradas no Sudeste e Sul. O partido tem um processo seletivo para selecionar seus candidatos em que concorreram 471 interessados de 68 cidades.

Esse número muito reduzido contrasta com o Patriota, que tem 427 candidatos a prefeituras em todas as regiões do país, mas. Aparece com menos peso nos estados do Nordeste e com mais frequência em capitais e regiões urbanas.

O Novo não tem apoio de nenhum outro partido nas eleições de 2020, algo extremamente incomum na política partidária brasileira. Além do Novo, apenas o Partido da Causa Operária não forma coligações. O Patriota é um partido mais propenso a alianças: dos 427 candidatos do Patriota, 162 receberam apoio de 27 partidos. As coligações estão bem distribuídas, principalmente entre partidos de centro e de direita.

O Novo também não apoiou nenhum outro partido nas eleições de 2020. O Patriota, em contrapartida, integra 767 coligações lideradas por outros 26 partidos. Entre esses, destacam-se partidos do Centrão como MDB, PSDB e PSD, assim como outros ao centro e à direita do espectro político.

O Novo ainda tem pouca capilaridade pelo país. Seus candidatos a vereador estão presentes apenas em capitais, regiões metropolitanas e alguns grandes centros urbanos. A maior parte está nas regiões Sudeste e Sul. Já o Patriota tem candidatos em todas as regiões, mas aparecem em maior número no Sudeste, Centro Oeste e Norte do país.

O Novo tem uma grande disparidade de gênero e raça entre seus candidatos. 51,30% do partido é composto por homens brancos e homens compõem aproximadamente dois terços das candidaturas. Do terço restante, composto por mulheres, 86% são brancas. No total, 4 a cada 5 candidatos do Novo são brancos.

O Patriota tem mais diversidade entre candidatos e candidatas. Pouco menos da metade dos candidatos concorrendo pelo Patriota se identificou como branca (49,19%) e 38,47% do total se declararam pardos. Além disso, 32,84% são mulheres, uma proporção similar ao de outros partidos maiores.


Financiamento

Nos 4 primeiros anos a partir de sua fundação, o Novo teve direito a pouquíssimos recursos do Fundo Partidário. Em 2018, após um maior sucesso eleitoral, essa proporção aumentou.

Porém, o Novo defende que partidos não sejam financiados por dinheiro público e não utiliza esses recursos. Atualmente, investe a quantia no Banco do Brasil e procura devolvê-la ao Tesouro Nacional. A legenda também recusou receber do Fundo Eleitoral.

Antes de se fundir ao Partido Republicano Progressista em 2019, o Patriota recebia menos de 1% do Fundo Partidário, devido à baixa representação em cargos eletivos. Em 2019, passou a receber pouco mais de 2%, após absorver os filiados e eleitos do PRP.

Em 2020, o Patriota recebeu R$ 35.139.355,52 do Fundo Eleitoral.


Filiados

Apesar de ainda ser um partido pequeno, o Novo vem crescendo nos anos desde sua criação: o número de filiados em 2020 é 5 vezes maior do que era no final de 2016.

O PEN, nome antigo do Patriota, era um partido nanico e a legenda segue sendo pequena. O salto no número de filiados em 2019 é devido à união ao PRP e à consequente absorção de seus filiados. Com esta fusão, o partido passou a estar mais próximo de legendas médias.

O Novo é mais jovem do que outros partidos mais tradicionais: a maior parte de seus filiados têm entre 25 e 44 anos. O Patriota também é relativamente jovem quando comparado a outros partidos brasileiros. Vinha envelhecendo pouco nos últimos anos, mas a absorção do PRP acentuou esta tendência.

Entre seus filiados, o Novo tem a maior disparidade de gênero de qualquer partido brasileiro. Nos últimos 4 anos, dobrou a proporção de mulheres filiadas, mas os dados mais recentes do TSE mostram que elas ainda compõem apenas 20,6% do total de seus quadros.

Diferente da maioria dos partidos brasileiros, o Patriota estava em uma tendência de diminuição na proporção de mulheres filiadas. A absorção do PRP, no entanto, mudou isso. Hoje, elas representam pouco menos da metade do total de filiados, 44,6%.

Os dois partidos têm mais força em regiões diferentes do país: o Novo tem pouca presença no Norte e Nordeste e seus filiados se concentram no Sul e Sudeste, enquanto o oposto é válido para o Patriota.

A maior concentração de filiados ao Novo proporcionalmente ao total de eleitores de cada estado está em Santa Catarina (64 filiados por 100 mil eleitores), seguido do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Ainda assim, é um número bastante baixo se comparado a partidos mais tradicionais.

Já Roraima é o estado com mais filiados ao Patriota por 100 mil eleitores: são 2.071 (32 vezes mais que o Novo em SC). O estado é seguido pelo Maranhão, Alagoas e Tocantins, mas estes não ultrapassam 1.000 filiados por 100 mil eleitores.


Resultados em 2018

2018 foi o primeiro ano em que o Novo participou de eleições nacionais, elegendo 12 deputados estaduais. O partido obteve sucesso em 4 estados do Sul e Sudeste do país, além de uma deputada distrital no Distrito Federal.

Em 2018, foram eleitos 16 deputados estaduais filiados ao Patriota. O Ceará foi o estado com mais nomes (3), seguido de Roraima, Minas Gerais e Paraíba, todos com 2 deputados.

Foram eleitos 8 deputados federais do Novo em 2018, novamente concentrados no Sul e Sudeste. A maior porcentagem é de Santa Catarina, que elegeu apenas um deputado mas tem bancada pequena no Congresso. São Paulo elegeu o maior número absoluto de deputados federais do Novo (3).

O Patriota elegeu um total de 5 deputados federais — dois em Minas Gerais, e um no Ceará, no Maranhão e em Pernambuco.

Nenhum dos dois partidos elegeu senadores em 2018.

O empresário mineiro Romeu Zema foi o primeiro governador eleito pelo partido Novo, em 2018. Já o Patriota não elegeu nenhum governador no último pleito.


História

Ambos os partidos são relativamente recentes: o Patriota foi criado em 2012 como Partido Ecológico Nacional, e o Novo tem origem em 2015. Entre suas características comuns, defendem um aparato estatal menor e mais incentivos à iniciativa privada. No entanto, têm diferenças ideológicas importantes, principalmente com relação a pautas sociais e costumes.

O Novo foi fundado em 2011, e obteve seu registro no TSE em 2015. Por esse motivo, participou de apenas dois ciclos eleitorais, em 2016 e 2018.

O partido vem crescendo em número de filiados e visibilidade na política nacional. Em 2018, elegeu seu primeiro governador — Romeu Zema em Minas Gerais — numa das maiores surpresas daquele ano. Além de Zema, elegeram-se 8 deputados federais e 12 deputados estaduais. No mesmo ano, o primeiro presidente e fundador do partido, João Amoêdo, concorreu à Presidência e terminou em 5o lugar, com 2,5% dos votos válidos.

Amoêdo, assim como a vasta maioria do partido, nunca tinha se envolvido com política partidária antes do Novo. Descrito como “cidadão comum” na página do partido, o principal nome da legenda é engenheiro e foi banqueiro, atuando em grandes instituições como Unibanco e Itaú BBA. Além de Amoêdo, outros fundadores do Novo atuaram no mercado financeiro, em grandes bancos e empresas.

O Novo defende um Estado menor, com redução de impostos e “sem estatais ineficientes”. Em vez de utilizar recursos do Fundo Partidário, o Novo é financiado principalmente através de doações e por seus filiados, que pagam uma mensalidade.

O Patriota é um partido de direita e conservador, muito atrelado a pautas cristãs. Originalmente, era o “Partido Ecológico Nacional” — apesar de não ter nenhuma ligação com pautas ambientais e criticar a “histeria propagada pelo obscurecimento da causa ambiental”, que segundo o partido, subverte valores ocidentais.

A legenda foi fundada por Adilson Barroso, político mineiro que já passou pelo PTB, PFL, PSC e PSL. Barroso ocupa a presidência do partido desde sua fundação. Recentemente, o partido passou por mudanças importantes: em abril de 2018, o PEN passou a ser Patriota, uma exigência do então presidenciável Jair Bolsonaro para se filiar ao partido, o que acabou não acontecendo. No ano seguinte, se fundiu ao Partido Republicano Progressista, pois nenhum dos dois havia atingido a cláusula de barreira em 2018, que dá direito de acesso ao Fundo Partidário.

No seu programa, o partido enfatiza o “respeito à doutrina conservadora cristã”, a defesa de maior descentralização entre os níveis de poder e pautas de segurança nacional, entre elas um maior controle migratório, a redução da maioridade penal e o direito à posse de armas de fogo.

Nas últimas eleições presidenciais, lançou Cabo Daciolo (hoje filiado ao Partido Liberal) como candidato. Daciolo defendeu pautas ultraconservadoras, inclusive o fim do Estado laico. Ele obteve 1,26% dos votos válidos, terminando em 6o lugar na disputa pela presidência. No segundo turno, o Patriota apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro pelo PSL.

Diferentemente do Patriota, o Novo não declarou apoio a nenhum candidato no segundo turno, e afirmou que seria independente do governo. Durante a presidência de Jair Bolsonaro, no entanto, os dois partidos efetivamente fazem parte da base do presidente: votaram com o governo mais de 90% das vezes na Câmara.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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Fernanda Nunes

é repórter e editora do Pindograma.

Antonio Piltcher

é cientista de dados do Pindograma.

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