As idas e vindas da rejeição de Lula


Rejeição ao petista atingiu 50% em 2016; passou a cair; e se mantém em 42% desde as eleições de 2018
POR FRANCISCO RICCI • 25/03/2021

Com a recente decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperou seus direitos políticos. A possibilidade do retorno de Lula às eleições presidenciais em 2022 disparou uma discussão nacional sobre seu efeito no debate político, seu legado como presidente e suas chances eleitorais.

Mas como estava a popularidade de Lula em diferentes momentos da história recente? O Pindograma compilou pesquisas de opinião dos últimos anos para entender a popularidade e a impopularidade de Lula.

Durante seu tempo no governo, a popularidade de Lula permaneceu alta. No seu pior momento, quando o escândalo do mensalão estourou com as denúncias do deputado Roberto Jefferson, 53% dos brasileiros diziam “confiar” em Lula, de acordo com uma pesquisa Ibope. Logo antes de se despedir do Palácio do Planalto, de acordo com outra pesquisa do instituto, Lula alcançou um recorde de 87% de aprovação.

Fora do poder, a rejeição ao ex-presidente cresceu. Antes da crise econômica no segundo mandato de Dilma Rousseff, a rejeição de Lula era estável, em torno de 30%. Mas na época em que a reprovação ao governo de Dilma chegava a 70%, a rejeição de Lula chegou a 50%.

Desde o impeachment, no entanto, a rejeição a Lula vem diminuindo. A mais recente pesquisa Ipec (ex-Ibope), realizada após a volta dos direitos políticos do ex-presidente, mostrou que 44% dos brasileiros rejeita o presidente. 25% de todos os entrevistados eram bolsonaristas convictos que rejeitavam Lula, enquanto os outros 19% rejeitavam votar tanto em Bolsonaro quanto no petista.

Ainda assim, não parece que a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), ou mesmo a prisão de Lula, tenham afetado a popularidade do petista. A rejeição ao ex-presidente mudou pouco desde as eleições de 2018.

De toda forma, Lula sempre foi mais popular que seu partido ou que o governo de sua sucessora. Segundo uma pesquisa Datafolha de maio de 2014, Lula comandava 52% das intenções de voto em um cenário no qual aparecia como o candidato do PT. Na mesma pesquisa, a então presidente Dilma Rousseff alcançava somente 40% de intenção de voto. 58% dos eleitores preferiam Lula como candidato do PT; apenas 19% preferiam Dilma.

Em 2018, com base na Lei da Ficha Limpa, Lula ficou de fora das eleições presidenciais. No seu lugar, o candidato a vice do partido, Fernando Haddad, chegou ao segundo turno com 29% dos votos. Mas em agosto, na última pesquisa Ibope que considerava Lula como o candidato do PT, Lula tinha 37% das intenções de voto. Segundo dados de duas pesquisas Datafolha analisadas pelo Pindograma, eleitores brancos que pretendiam votar em Lula parecem ter migrado menos para Haddad do que os pretos e pardos.


Créditos da imagem: Paulo Pinto/Agência PT.

Para reproduzir os números e gráficos da matéria, o código pode ser encontrado aqui.

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Francisco Ricci é fundador e repórter do Pindograma.

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Rejeição ao petista atingiu 50% em 2016; passou a cair; e se mantém em 42% desde as eleições de 2018

POR FRANCISCO RICCI

25/03/2021

Com a recente decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperou seus direitos políticos. A possibilidade do retorno de Lula às eleições presidenciais em 2022 disparou uma discussão nacional sobre seu efeito no debate político, seu legado como presidente e suas chances eleitorais.

Mas como estava a popularidade de Lula em diferentes momentos da história recente? O Pindograma compilou pesquisas de opinião dos últimos anos para entender a popularidade e a impopularidade de Lula.

Durante seu tempo no governo, a popularidade de Lula permaneceu alta. No seu pior momento, quando o escândalo do mensalão estourou com as denúncias do deputado Roberto Jefferson, 53% dos brasileiros diziam “confiar” em Lula, de acordo com uma pesquisa Ibope. Logo antes de se despedir do Palácio do Planalto, de acordo com outra pesquisa do instituto, Lula alcançou um recorde de 87% de aprovação.

Fora do poder, a rejeição ao ex-presidente cresceu. Antes da crise econômica no segundo mandato de Dilma Rousseff, a rejeição de Lula era estável, em torno de 30%. Mas na época em que a reprovação ao governo de Dilma chegava a 70%, a rejeição de Lula chegou a 50%.

Desde o impeachment, no entanto, a rejeição a Lula vem diminuindo. A mais recente pesquisa Ipec (ex-Ibope), realizada após a volta dos direitos políticos do ex-presidente, mostrou que 44% dos brasileiros rejeita o presidente. 25% de todos os entrevistados eram bolsonaristas convictos que rejeitavam Lula, enquanto os outros 19% rejeitavam votar tanto em Bolsonaro quanto no petista.

Ainda assim, não parece que a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), ou mesmo a prisão de Lula, tenham afetado a popularidade do petista. A rejeição ao ex-presidente mudou pouco desde as eleições de 2018.

De toda forma, Lula sempre foi mais popular que seu partido ou que o governo de sua sucessora. Segundo uma pesquisa Datafolha de maio de 2014, Lula comandava 52% das intenções de voto em um cenário no qual aparecia como o candidato do PT. Na mesma pesquisa, a então presidente Dilma Rousseff alcançava somente 40% de intenção de voto. 58% dos eleitores preferiam Lula como candidato do PT; apenas 19% preferiam Dilma.

Em 2018, com base na Lei da Ficha Limpa, Lula ficou de fora das eleições presidenciais. No seu lugar, o candidato a vice do partido, Fernando Haddad, chegou ao segundo turno com 29% dos votos. Mas em agosto, na última pesquisa Ibope que considerava Lula como o candidato do PT, Lula tinha 37% das intenções de voto. Segundo dados de duas pesquisas Datafolha analisadas pelo Pindograma, eleitores brancos que pretendiam votar em Lula parecem ter migrado menos para Haddad do que os pretos e pardos.


Créditos da imagem: Paulo Pinto/Agência PT.

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