Partidos em Números: PSC, PTC e DC


Gráficos, mapas e uma breve retrospectiva histórica para entender mais sobre os três partidos brasileiros que carregam no nome uma referência religiosa
POR JOÃO GADO F. COSTA E ANTONIO PILTCHER • 25/12/2020

Na edição de Natal (e última do ano) do Partidos em Números, o Pindograma traça o perfil dos três partidos brasileiros que têm no nome a religião que defendem: o Partido Social Cristão (PSC), o Partido Trabalhista Cristão (PTC) e a Democracia Cristã (DC).


Eleições 2020

O PSC concentrou candidatos e vitórias tanto no Amazonas quanto no Rio de Janeiro, estados governados pelo partido. Em menor grau, o partido teve sucessos no Paraná. No total, o partido elegeu 116 prefeitos, um crescimento de cerca de 30% em relação a 2016.

Já o PTC e a DC ambos tiveram pouquíssimos candidatos. Vários estados não tiveram candidatos de um ou do outro partido e ambos elegeram apenas um prefeito cada; o PTC em Pratinha (MG) e a DC em Bom Princípio do Piauí (PI).

O PSC tem o perfil de coligações mais tradicional dos três partidos, com várias de suas chapas recebendo apoio principalmente de legendas do Centrão como DEM, MDB e PSD, mas fazendo alianças com quase todos os partidos do país.

Em contraste, o PTC teve alinhamentos mais ideológicos. As legendas do Centrão estão, como sempre, presentes, mas entre seus principais apoiadores estão também o Patriota e o Republicanos, partidos que vem crescendo no campo da direita nos últimos anos.

O Republicanos é um partido muito próximo de lideranças da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o presidente nacional do partido é bispo. A DC, no entanto, é um partido de base católica. Isso pode explicar por que nenhuma chapa do partido foi apoiada pelo Republicanos em 2020. Outra possibilidade que pode explicar essa ausência de coligações é simplesmente o fato do partido ser inexpressivo; tendo poucas candidaturas, não surgiu um situação para o Republicanos dar apoio. O PTB foi a legenda do Centrão mais próxima da DC.

Na hora de dar apoio, o PSC reforça sua ligação com o Centrão, deixando a ligação com outros partidos em segundo plano.

Sob esta ótica, o PTC perde seu caráter mais ideológico e tem uma ligação bem mais clara ao Centrão, e mantém uma ligação forte com o Republicanos.

A DC também dá mais espaço às grandes legendas, apoiando muitos candidatos do MDB, PP e PSD. Sem ser líder de chapa, o partido apoiou o Republicanos em alguns pleitos.

A concentração de candidaturas do PSC se deu principalmente no Amazonas e no Rio de Janeiro. Em menor grau, ocorreu no Pará e no Paraná.

Enquanto isso, o PTC ficou mais concentrado no Sudeste, mas teve pouco alcance no resto do país e elegeu poucos representantes no geral. A DC teve ainda menos capilaridade, apresentando candidaturas em menos cidades e elegendo menos vereadores.

Entre os candidatos homens, os três partidos lançaram mais pretos e pardos do que brancos. No caso do PTC, as mulheres negras também foram maioria, algo bem incomum entre a maioria dos partidos brasileiros.

Apesar do perfil dos candidatos, a grande maioria dos eleitos dos três partidos foram homens, a maioria dos quais também era branca.


Financiamento

Em anos recentes, o PSC recebeu valores que oscilaram entre 2% e 3% do valor total distribuído pelo TSE do Fundo Partidário, valor condizente com o tamanho do partido.

Já o PTC e a DC sempre receberam valores próximos ao mínimo alocado para cada legenda, raramente ficando acima de 1% do valor total cada. Em 2019, nenhum deles recebeu dinheiro do fundo partidário por não atingirem a cláusula de barreira estabelecida em 2017.

Para as eleições municipais de 2020, o PSC recebeu R$33.239.786,22, enquanto o PTC recebeu R$9.498.596,58 e a DC R$4.025.171,90.


Filiados

O PSC é o maior dos três partidos em número de filiados. Atualmente tem cerca de 400 mil filiados, enquanto o PTC tem cerca de 200 mil e a DC 180 mil.

Apesar da diferença de tamanho, o crescimento dos três partidos é virtualmente idêntico, crescendo antes de eleições municipais mais que em qualquer outra época.

O perfil etário dos partidos também é bem similar; a maioria dos filiados são de meia idade, principalmente entre os 44 e 59 anos. No entanto, a DC tem uma presença maior de filiados de 25 a 34 anos e o PTC tem uma proporção maior de filiados com mais de 60 anos.

Enquanto o PSC e a DC seguiram um padrão similar ao da maioria dos partidos — cerca de 43% de filiadas mulheres, aumentando progressivamente nos últimos anos —, o PTC tinha uma tendência de queda da proporção de mulheres até 2018. Em 2020, porém, o número cresceu para 45%, próximo ao valor em que estava em 2008.

O estado de mais força do PSC é o Amazonas, onde o número de filiados por 100 mil eleitores chega a 690. O partido tem força em outros estados da região Norte, assim como no Mato Grosso, no Paraná e no Distrito Federal.

O PTC tem a maior concentração de filiados no Goiás, seguido pelo Maranhão, Tocantins, Amazonas e Espírito Santo. No entanto, mesmo com a maior concentração de petecistas, o Goiás tem apenas 305 filiados por 100 mil eleitores. Proporcionalmente, a DC tem mais representação em Rondônia, onde a taxa chega a 418 por 100 mil eleitores. Além deste estado, a legenda tem mais concentração de filiados em Roraima, no Acre, no Maranhão e no Goiás.


Resultados em 2018

A maior força do PSC nos legislativos estaduais está nas regiões Norte e Nordeste, principalmente no Amapá e Amazonas. O partido elegeu, porém, representantes em 20 estados e no DF também. Já o PTC concentrou mais força em Roraima, no Amapá e no Rio Grande do Norte, além de eleger deputados estaduais em mais 6 unidades federativas. Por último, a DC representa sua maior parcela da população no Mato Grosso e tem presença em mais 6 estados.

O PSC teve o maior sucesso das três legendas em eleger deputados federais em 2018, tendo ao menos um representante em cada região do país, distribuídos em 8 estados. Enquanto isso, o PTC elegeu deputados em apenas dois estados do Nordeste — um no Piauí e outro no Rio Grande do Norte — e a DC elegeu um deputado no Rio de Janeiro. Atualmente, esses dois últimos partidos não possuem nenhum representante no Congresso.

Dos três partidos, o PSC foi o único que elegeu um representante ao Senado: Zequinha Marinho, pelo Pará. O senador continua em exercício pelo partido.

O PSC também foi o único das três legendas que elegeu governadores em 2018: os xarás Wilson Lima, no Amazonas, e Wilson Witzel, no Rio de Janeiro.


História

A Democracia Cristã é um partido centrado praticamente em uma única figura, o político José Maria Eymael, presidente da legenda desde sua fundação em 1995.

Durante sua juventude nos anos 1960, Eymael fora militante do Partido Democrata Cristão (PDC), partido católico fundado em 1945. Com a proibição de partidos políticos e a sucessiva instauração do bipartidarismo pela Ditadura Militar, Eymael passou a ser membro da ARENA, o partido governista do regime.

Após a redemocratização, o PDC se reorganiza em 1985 e Eymael se elege deputado para a Assembleia Constituinte no ano seguinte pelo partido. O fraco desempenho do partido levou suas lideranças a negociarem sua fusão com o PDS para a fundação do PPR. Descontente com a união, Eymael deixa o partido para fundar o Partido da Social Democracia Cristã, que em 2017 mudou seu nome para apenas Democracia Cristã.

O presidente e fundador da legenda concorreu em todas as eleições presidenciais desde 1998 tirando a de 2002, quando tentou se eleger deputado federal. A legenda é um partido nanico desde sua fundação, mas o nome de Eymael tem amplo reconhecimento popular devido ao seu tradicional jingle de campanha. Em 2018, apoiou Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. O número eleitoral do partido é 27.

O Partido Social Cristão não tem ligação com nenhum partido anterior à Ditadura Militar. Foi fundado em 1985 em Belo Horizonte, por Vítor Nósseis e recebeu seu registro no TSE em 1990. Em 1989, o partido foi aliado de Fernando Collor na eleição presidencial. Essa aliança rendeu a filiação do político alagoano Geraldo Bulhões, eleito governador do estado em 1990. O partido lançou candidatos nanicos à presidência em 1994 e 1998 e continuou com um partido pequeno, elegendo alguns prefeitos, em sua maioria concentrados no Nordeste.

O PSC não lançou candidatos presidenciais em 2002 ou 2006, mas apoiou Dilma Rousseff em 2010. A partir deste ano, o partido começou a crescer. Elegeu 17 deputados federais e um senador, além de ter um de seus membros presidindo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em 2012, deputados do partido estiveram envolvidos na polêmica nomeação do deputado e pastor fundamentalista Marco Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Em 2014, o PSC não apoiou Dilma e lançou o candidato Pastor Everaldo Pereira à presidência. A campanha do pastor chamou atenção pela aguerrida defesa de pautas conservadoras e cristãs, que rapidamente se transformaram na marca do partido. Em 2016, o então deputado federal pelo PP Jair Bolsonaro se filiou ao partido. A passagem de Bolsonaro foi rápida — trocou o partido pelo PSL para se lançar candidato à presidência em 2018 —, mas deixou sua marca. Nas eleições de 2018, o partido elegeu dois governadores, no Amazonas e no Rio de Janeiro. Atualmente, o partido é da base aliada do governo de Bolsonaro (sem partido).

Seu número nas urnas é 20 e seu presidente é Everaldo Pereira, atualmente preso devido ao envolvimento em um esquema de corrupção liderado por seu correligionário e governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

O último dos três partidos, o Partido Trabalhista Cristão, também foi fundado em 1985, mas com outro nome: Partido da Juventude. O PJ foi fundado pelo jornalista Daniel Tourinho, até então militante do PDT. Ainda sem registro definitivo no TSE e com praticamente nenhuma expressividade eleitoral, o partido se aliou a diversos nomes nas eleições de 1986, dentre eles o candidato ao governo de Alagoas Fernando Collor de Mello, então no PMDB. Poucos meses após sua eleição, Collor ingressou PJ, agora renomeado Partido da Reconstrução Nacional.

O novo nome fez parte de uma tentativa do partido de se reorganizar e ter uma identidade política mais clara. Citando a reconstrução moral como “pré-requisito para todas as demais tarefas que enfrenta a sociedade brasileira no campo político, econômico e social”, o partido se colocava como uma alternativa a políticos mais tradicionais, criticando em especial o presidente José Sarney do PMDB.

Nessa onda de críticas à política tradicional e de promessas de renovação, o PRN lançou Fernando Collor à presidência em 1989. A campanha de Collor rapidamente ganhou destaque nacional e a alcunha de “caçador de marajás” levou Collor ao segundo turno, onde ganhou de Lula (PT) e tornou-se o primeiro presidente eleito por voto direto desde Jânio Quadros em 1960. A eleição de Collor levou ao rápido crescimento do partido. No entanto, mesmo com um presidente da República, o PRN não teve nenhum ministério durante o governo de Collor.

Apesar de se dizer caçador de corruptos, esquemas de corrupção envolvendo o presidente e seu irmão levaram a seu impedimento em 1992. Durante os meses de seu julgamento, o PRN defendeu Collor das acusações. O apoio custou caro ao partido, que viu-se esvaziado com a vitória acachapante a favor do afastamento do presidente, de 441 votos a 38. A maioria das figuras eleitas pelo partido deixaram-no e se desvencilharam da figura do presidente.

Em 1994, o partido apresentou uma candidatura à presidência, mas a chapa foi impugnada pelo TSE. O partido lançou um candidato substituto, mas Carlos Gomes teve uma votação inexpressiva e ficou em último lugar da disputa. Durante os anos seguintes, o partido não elegeu representantes. Em 2000, a direção do partido mudou o nome da legenda para Partido Trabalhista Cristão, apesar de nunca ter sido um partido religioso.

O PTC continuou pouco expressivo por anos, mas elegeu o prefeito de São Luís (MA) em 2012, ocupando o governo de uma capital pela primeira vez. Em 2016, após ter passado anos em outros partidos, o agora senador por Alagoas Fernando Collor voltou à legenda que o elegeu presidente. O partido apoia Álvaro Dias do Podemos nas eleições presidenciais de 2018. O presidente do partido ainda é Daniel Tourinho e o número usado pelo PTC nas urnas é 36.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); Resultados eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em Números: PSC, PTC e DC

Gráficos, mapas e uma breve retrospectiva histórica para entender mais sobre os três partidos brasileiros que carregam no nome uma referência religiosa

Na edição de Natal (e última do ano) do Partidos em Números, o Pindograma traça o perfil dos três partidos brasileiros que têm no nome a religião que defendem: o Partido Social Cristão (PSC), o Partido Trabalhista Cristão (PTC) e a Democracia Cristã (DC).


Eleições 2020

O PSC concentrou candidatos e vitórias tanto no Amazonas quanto no Rio de Janeiro, estados governados pelo partido. Em menor grau, o partido teve sucessos no Paraná. No total, o partido elegeu 116 prefeitos, um crescimento de cerca de 30% em relação a 2016.

Já o PTC e a DC ambos tiveram pouquíssimos candidatos. Vários estados não tiveram candidatos de um ou do outro partido e ambos elegeram apenas um prefeito cada; o PTC em Pratinha (MG) e a DC em Bom Princípio do Piauí (PI).

O PSC tem o perfil de coligações mais tradicional dos três partidos, com várias de suas chapas recebendo apoio principalmente de legendas do Centrão como DEM, MDB e PSD, mas fazendo alianças com quase todos os partidos do país.

Em contraste, o PTC teve alinhamentos mais ideológicos. As legendas do Centrão estão, como sempre, presentes, mas entre seus principais apoiadores estão também o Patriota e o Republicanos, partidos que vem crescendo no campo da direita nos últimos anos.

O Republicanos é um partido muito próximo de lideranças da Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o presidente nacional do partido é bispo. A DC, no entanto, é um partido de base católica. Isso pode explicar por que nenhuma chapa do partido foi apoiada pelo Republicanos em 2020. Outra possibilidade que pode explicar essa ausência de coligações é simplesmente o fato do partido ser inexpressivo; tendo poucas candidaturas, não surgiu um situação para o Republicanos dar apoio. O PTB foi a legenda do Centrão mais próxima da DC.

Na hora de dar apoio, o PSC reforça sua ligação com o Centrão, deixando a ligação com outros partidos em segundo plano.

Sob esta ótica, o PTC perde seu caráter mais ideológico e tem uma ligação bem mais clara ao Centrão, e mantém uma ligação forte com o Republicanos.

A DC também dá mais espaço às grandes legendas, apoiando muitos candidatos do MDB, PP e PSD. Sem ser líder de chapa, o partido apoiou o Republicanos em alguns pleitos.

A concentração de candidaturas do PSC se deu principalmente no Amazonas e no Rio de Janeiro. Em menor grau, ocorreu no Pará e no Paraná.

Enquanto isso, o PTC ficou mais concentrado no Sudeste, mas teve pouco alcance no resto do país e elegeu poucos representantes no geral. A DC teve ainda menos capilaridade, apresentando candidaturas em menos cidades e elegendo menos vereadores.

Entre os candidatos homens, os três partidos lançaram mais pretos e pardos do que brancos. No caso do PTC, as mulheres negras também foram maioria, algo bem incomum entre a maioria dos partidos brasileiros.

Apesar do perfil dos candidatos, a grande maioria dos eleitos dos três partidos foram homens, a maioria dos quais também era branca.


Financiamento

Em anos recentes, o PSC recebeu valores que oscilaram entre 2% e 3% do valor total distribuído pelo TSE do Fundo Partidário, valor condizente com o tamanho do partido.

Já o PTC e a DC sempre receberam valores próximos ao mínimo alocado para cada legenda, raramente ficando acima de 1% do valor total cada. Em 2019, nenhum deles recebeu dinheiro do fundo partidário por não atingirem a cláusula de barreira estabelecida em 2017.

Para as eleições municipais de 2020, o PSC recebeu R$33.239.786,22, enquanto o PTC recebeu R$9.498.596,58 e a DC R$4.025.171,90.


Filiados

O PSC é o maior dos três partidos em número de filiados. Atualmente tem cerca de 400 mil filiados, enquanto o PTC tem cerca de 200 mil e a DC 180 mil.

Apesar da diferença de tamanho, o crescimento dos três partidos é virtualmente idêntico, crescendo antes de eleições municipais mais que em qualquer outra época.

O perfil etário dos partidos também é bem similar; a maioria dos filiados são de meia idade, principalmente entre os 44 e 59 anos. No entanto, a DC tem uma presença maior de filiados de 25 a 34 anos e o PTC tem uma proporção maior de filiados com mais de 60 anos.

Enquanto o PSC e a DC seguiram um padrão similar ao da maioria dos partidos — cerca de 43% de filiadas mulheres, aumentando progressivamente nos últimos anos —, o PTC tinha uma tendência de queda da proporção de mulheres até 2018. Em 2020, porém, o número cresceu para 45%, próximo ao valor em que estava em 2008.

O estado de mais força do PSC é o Amazonas, onde o número de filiados por 100 mil eleitores chega a 690. O partido tem força em outros estados da região Norte, assim como no Mato Grosso, no Paraná e no Distrito Federal.

O PTC tem a maior concentração de filiados no Goiás, seguido pelo Maranhão, Tocantins, Amazonas e Espírito Santo. No entanto, mesmo com a maior concentração de petecistas, o Goiás tem apenas 305 filiados por 100 mil eleitores. Proporcionalmente, a DC tem mais representação em Rondônia, onde a taxa chega a 418 por 100 mil eleitores. Além deste estado, a legenda tem mais concentração de filiados em Roraima, no Acre, no Maranhão e no Goiás.


Resultados em 2018

A maior força do PSC nos legislativos estaduais está nas regiões Norte e Nordeste, principalmente no Amapá e Amazonas. O partido elegeu, porém, representantes em 20 estados e no DF também. Já o PTC concentrou mais força em Roraima, no Amapá e no Rio Grande do Norte, além de eleger deputados estaduais em mais 6 unidades federativas. Por último, a DC representa sua maior parcela da população no Mato Grosso e tem presença em mais 6 estados.

O PSC teve o maior sucesso das três legendas em eleger deputados federais em 2018, tendo ao menos um representante em cada região do país, distribuídos em 8 estados. Enquanto isso, o PTC elegeu deputados em apenas dois estados do Nordeste — um no Piauí e outro no Rio Grande do Norte — e a DC elegeu um deputado no Rio de Janeiro. Atualmente, esses dois últimos partidos não possuem nenhum representante no Congresso.

Dos três partidos, o PSC foi o único que elegeu um representante ao Senado: Zequinha Marinho, pelo Pará. O senador continua em exercício pelo partido.

O PSC também foi o único das três legendas que elegeu governadores em 2018: os xarás Wilson Lima, no Amazonas, e Wilson Witzel, no Rio de Janeiro.


História

A Democracia Cristã é um partido centrado praticamente em uma única figura, o político José Maria Eymael, presidente da legenda desde sua fundação em 1995.

Durante sua juventude nos anos 1960, Eymael fora militante do Partido Democrata Cristão (PDC), partido católico fundado em 1945. Com a proibição de partidos políticos e a sucessiva instauração do bipartidarismo pela Ditadura Militar, Eymael passou a ser membro da ARENA, o partido governista do regime.

Após a redemocratização, o PDC se reorganiza em 1985 e Eymael se elege deputado para a Assembleia Constituinte no ano seguinte pelo partido. O fraco desempenho do partido levou suas lideranças a negociarem sua fusão com o PDS para a fundação do PPR. Descontente com a união, Eymael deixa o partido para fundar o Partido da Social Democracia Cristã, que em 2017 mudou seu nome para apenas Democracia Cristã.

O presidente e fundador da legenda concorreu em todas as eleições presidenciais desde 1998 tirando a de 2002, quando tentou se eleger deputado federal. A legenda é um partido nanico desde sua fundação, mas o nome de Eymael tem amplo reconhecimento popular devido ao seu tradicional jingle de campanha. Em 2018, apoiou Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições presidenciais. O número eleitoral do partido é 27.

O Partido Social Cristão não tem ligação com nenhum partido anterior à Ditadura Militar. Foi fundado em 1985 em Belo Horizonte, por Vítor Nósseis e recebeu seu registro no TSE em 1990. Em 1989, o partido foi aliado de Fernando Collor na eleição presidencial. Essa aliança rendeu a filiação do político alagoano Geraldo Bulhões, eleito governador do estado em 1990. O partido lançou candidatos nanicos à presidência em 1994 e 1998 e continuou com um partido pequeno, elegendo alguns prefeitos, em sua maioria concentrados no Nordeste.

O PSC não lançou candidatos presidenciais em 2002 ou 2006, mas apoiou Dilma Rousseff em 2010. A partir deste ano, o partido começou a crescer. Elegeu 17 deputados federais e um senador, além de ter um de seus membros presidindo a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em 2012, deputados do partido estiveram envolvidos na polêmica nomeação do deputado e pastor fundamentalista Marco Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

Em 2014, o PSC não apoiou Dilma e lançou o candidato Pastor Everaldo Pereira à presidência. A campanha do pastor chamou atenção pela aguerrida defesa de pautas conservadoras e cristãs, que rapidamente se transformaram na marca do partido. Em 2016, o então deputado federal pelo PP Jair Bolsonaro se filiou ao partido. A passagem de Bolsonaro foi rápida — trocou o partido pelo PSL para se lançar candidato à presidência em 2018 —, mas deixou sua marca. Nas eleições de 2018, o partido elegeu dois governadores, no Amazonas e no Rio de Janeiro. Atualmente, o partido é da base aliada do governo de Bolsonaro (sem partido).

Seu número nas urnas é 20 e seu presidente é Everaldo Pereira, atualmente preso devido ao envolvimento em um esquema de corrupção liderado por seu correligionário e governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

O último dos três partidos, o Partido Trabalhista Cristão, também foi fundado em 1985, mas com outro nome: Partido da Juventude. O PJ foi fundado pelo jornalista Daniel Tourinho, até então militante do PDT. Ainda sem registro definitivo no TSE e com praticamente nenhuma expressividade eleitoral, o partido se aliou a diversos nomes nas eleições de 1986, dentre eles o candidato ao governo de Alagoas Fernando Collor de Mello, então no PMDB. Poucos meses após sua eleição, Collor ingressou PJ, agora renomeado Partido da Reconstrução Nacional.

O novo nome fez parte de uma tentativa do partido de se reorganizar e ter uma identidade política mais clara. Citando a reconstrução moral como “pré-requisito para todas as demais tarefas que enfrenta a sociedade brasileira no campo político, econômico e social”, o partido se colocava como uma alternativa a políticos mais tradicionais, criticando em especial o presidente José Sarney do PMDB.

Nessa onda de críticas à política tradicional e de promessas de renovação, o PRN lançou Fernando Collor à presidência em 1989. A campanha de Collor rapidamente ganhou destaque nacional e a alcunha de “caçador de marajás” levou Collor ao segundo turno, onde ganhou de Lula (PT) e tornou-se o primeiro presidente eleito por voto direto desde Jânio Quadros em 1960. A eleição de Collor levou ao rápido crescimento do partido. No entanto, mesmo com um presidente da República, o PRN não teve nenhum ministério durante o governo de Collor.

Apesar de se dizer caçador de corruptos, esquemas de corrupção envolvendo o presidente e seu irmão levaram a seu impedimento em 1992. Durante os meses de seu julgamento, o PRN defendeu Collor das acusações. O apoio custou caro ao partido, que viu-se esvaziado com a vitória acachapante a favor do afastamento do presidente, de 441 votos a 38. A maioria das figuras eleitas pelo partido deixaram-no e se desvencilharam da figura do presidente.

Em 1994, o partido apresentou uma candidatura à presidência, mas a chapa foi impugnada pelo TSE. O partido lançou um candidato substituto, mas Carlos Gomes teve uma votação inexpressiva e ficou em último lugar da disputa. Durante os anos seguintes, o partido não elegeu representantes. Em 2000, a direção do partido mudou o nome da legenda para Partido Trabalhista Cristão, apesar de nunca ter sido um partido religioso.

O PTC continuou pouco expressivo por anos, mas elegeu o prefeito de São Luís (MA) em 2012, ocupando o governo de uma capital pela primeira vez. Em 2016, após ter passado anos em outros partidos, o agora senador por Alagoas Fernando Collor voltou à legenda que o elegeu presidente. O partido apoia Álvaro Dias do Podemos nas eleições presidenciais de 2018. O presidente do partido ainda é Daniel Tourinho e o número usado pelo PTC nas urnas é 36.


Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultados eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); Resultados eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Créditos da imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa

é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher

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