Onde moram os paulistanos que podem eleger Russomanno em 2020?


Em 2016, Russomanno teve poucos votos em bairros de alta renda e concentrou núcleos de apoio em regiões periféricas
POR JOÃO GADO F. COSTA • 14/10/2020

“Celso Russomanno lidera em São Paulo” –– essa manchete não é novidade para quem acompanha as eleições paulistanas. Na data de publicação desta matéria, nosso agregador de pesquisas indica que ele tem 26% das intenções de voto. Nas últimas duas eleições municipais, Celso Russomanno (Republicanos) também liderou as pesquisas de intenção de voto em São Paulo por meses––mas logo antes da eleição, perdeu espaço para candidatos de partidos mais tradicionais.

Se com o apoio explícito do Presidente da República o candidato do Republicanos vai finalmente ganhar a eleição, só o tempo dirá. O que as últimas eleições mostram é que seus votos parecem ter endereços fixos.

De cara, o centro do mapa torna fácil de notar onde Russomanno não recebe votos: bairros nobres da cidade. Nestas áreas, o total de votos quase não passou dos 5% em 2016. O arco de bairros de alta renda que começa em Alto de Pinheiros, segue pelos Jardins e o Itaim Bibi e desce para o Brooklin, o Campo Belo e Santo Amaro parece particularmente avesso a Russomanno. Saindo de áreas mais centrais, outros bairros de alta renda como o Tatuapé na Zona Leste e Santana na Zona Norte também não apoiaram o candidato, mesmo que a média de votação tenha sido mais próxima de 10%.

É nas periferias que Russomanno teve mais sucesso. Em particular, os bairros da cidade que fazem divisa com Guarulhos foram mais inclinados ao voto no candidato, com áreas em que a votação chegou a mais de 20% em 2016. O Parque Novo Mundo e Penha de França se destacam por terem dado mais de 25% dos votos para Russomanno.

Na Zona Sul, o bairro de Heliópolis e seus entornos também são focos dessas altas porcentagens. Cruzando o rio Pinheiros, uma faixa que vai do Rio Pequeno à Represa de Guarapiranga, passando pela Vila Andrade e o Capão Redondo, forma um corredor de apoio a Russomanno onde as porcentagens flutuaram em torno de 15%. Bairros próximos à divisa de Diadema, como Cidade Ademar e Pedreira, também registraram porcentagens similares.

O eleitorado mais rico nunca deu muito apoio a Russomanno, indicando que é improvável que ele ganhe esses eleitores em 2020. A vitória de Russomanno parece depender de ele superar os 20% e conquistar a maioria nas periferias. O diferencial este ano é o apoio que recebeu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cuja popularidade aumentou graças ao auxílio emergencial. No entanto, 63% dos paulistanos que ganham até 2 salários mínimos disseram que não votariam “de jeito nenhum” em um candidato apoiado pelo presidente, segundo a última pesquisa Datafolha.

Resta ver se Celso Russomanno conseguirá manter-se na liderança e, quem sabe, finalmente se eleger prefeito.


Dados utilizados na matéria: Resultados de Pesquisas Eleitorais (Pindograma); Localização de Seções Eleitorais (Pindograma).

Contribuiu com dados: Daniel Ferreira.

Para reproduzir os números da matéria, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa é repórter do Pindograma.

Onde moram os paulistanos que podem eleger Russomanno em 2020?

Em 2016, Russomanno teve poucos votos em bairros de alta renda e concentrou núcleos de apoio em regiões periféricas

POR JOÃO GADO F. COSTA

14/10/2020

“Celso Russomanno lidera em São Paulo” –– essa manchete não é novidade para quem acompanha as eleições paulistanas. Na data de publicação desta matéria, nosso agregador de pesquisas indica que ele tem 26% das intenções de voto. Nas últimas duas eleições municipais, Celso Russomanno (Republicanos) também liderou as pesquisas de intenção de voto em São Paulo por meses––mas logo antes da eleição, perdeu espaço para candidatos de partidos mais tradicionais.

Se com o apoio explícito do Presidente da República o candidato do Republicanos vai finalmente ganhar a eleição, só o tempo dirá. O que as últimas eleições mostram é que seus votos parecem ter endereços fixos.

De cara, o centro do mapa torna fácil de notar onde Russomanno não recebe votos: bairros nobres da cidade. Nestas áreas, o total de votos quase não passou dos 5% em 2016. O arco de bairros de alta renda que começa em Alto de Pinheiros, segue pelos Jardins e o Itaim Bibi e desce para o Brooklin, o Campo Belo e Santo Amaro parece particularmente avesso a Russomanno. Saindo de áreas mais centrais, outros bairros de alta renda como o Tatuapé na Zona Leste e Santana na Zona Norte também não apoiaram o candidato, mesmo que a média de votação tenha sido mais próxima de 10%.

É nas periferias que Russomanno teve mais sucesso. Em particular, os bairros da cidade que fazem divisa com Guarulhos foram mais inclinados ao voto no candidato, com áreas em que a votação chegou a mais de 20% em 2016. O Parque Novo Mundo e Penha de França se destacam por terem dado mais de 25% dos votos para Russomanno.

Na Zona Sul, o bairro de Heliópolis e seus entornos também são focos dessas altas porcentagens. Cruzando o rio Pinheiros, uma faixa que vai do Rio Pequeno à Represa de Guarapiranga, passando pela Vila Andrade e o Capão Redondo, forma um corredor de apoio a Russomanno onde as porcentagens flutuaram em torno de 15%. Bairros próximos à divisa de Diadema, como Cidade Ademar e Pedreira, também registraram porcentagens similares.

O eleitorado mais rico nunca deu muito apoio a Russomanno, indicando que é improvável que ele ganhe esses eleitores em 2020. A vitória de Russomanno parece depender de ele superar os 20% e conquistar a maioria nas periferias. O diferencial este ano é o apoio que recebeu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cuja popularidade aumentou graças ao auxílio emergencial. No entanto, 63% dos paulistanos que ganham até 2 salários mínimos disseram que não votariam “de jeito nenhum” em um candidato apoiado pelo presidente, segundo a última pesquisa Datafolha.

Resta ver se Celso Russomanno conseguirá manter-se na liderança e, quem sabe, finalmente se eleger prefeito.


Dados utilizados na matéria: Resultados de Pesquisas Eleitorais (Pindograma); Localização de Seções Eleitorais (Pindograma).

Contribuiu com dados: Daniel Ferreira.

Para reproduzir os números da matéria, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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