Partidos em números: MDB


Gráficos e mapas para entender como o maior partido do Brasil chega nas eleições de 2020
POR JOÃO GADO F. COSTA E ANTONIO PILTCHER • 21/10/2020

Hoje o Pindograma estreia a série Partidos em Números. Ao longo das próximas semanas, vamos apresentar perfis dos diferentes partidos que ocupam (ou não) as manchetes.

Para começar, falaremos do partido mais emblemático da Nova República: o Movimento Democrático Brasileiro, ou MDB. Ele foi parte de quase todos os governos desde a redemocratização e já ocupou a presidência por quase oito anos, embora tenha eleito apenas um candidato ao cargo. Desde 1987, sempre foi um dos maiores partidos no Congresso Nacional e atualmente conta com o maior número filiados de todos os partidos brasileiros.


As origens do Movimento Democrático Brasileiro remontam à ditadura militar e à redemocratização do Brasil. O primeiro MDB foi criado em 1966, após o Ato Institucional n.º 2 da ditadura estabelecer o bipartidarismo no Brasil. A legenda foi refundada em janeiro de 1980 e passou a ser o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o primeiro partido oficialmente registrado após a volta do pluripartidarismo e o começo da abertura do regime militar.

O partido foi fundado por líderes do antigo MDB, que reunia diversas vertentes de oposição permitidas pela ditadura. Com o retorno à democracia em 1985, o PMDB surgiu como a principal força política do país, reunindo lideranças que marcaram a redemocratização como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.

Após Sarney — eleito como vice de Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse —, o MDB presidiu o país entre 2016 e 2018 com Michel Temer, após o impedimento de Dilma Rousseff (PT). Desde a redemocratização, conseguiu a maior bancada no Câmara dos Deputados em 5 das 9 eleições e quase sempre participou das bases aliadas do governo.

Devido à sua história, o MDB sempre abarcou uma grande variedade de vertentes políticas. Esta heterogeneidade de posições levou, por exemplo, a um racha do partido no primeiro governo Lula, mas é também o que explica o governismo nato do partido. A falta de uma única ideologia clara permite o trânsito entre os mais diversos governos e faz do MDB uma das legendas mais associadas ao chamado ‘centrão’ – embora não componha, oficialmente, o bloco hoje.

Em julho de 2017, em meio a escândalos de corrupção associados a figuras importantes do partido, a legenda tirou o ‘Partido’ do nome, voltando a ser o MDB. Nas eleições de 2018, o partido sofreu seu maior revés na Câmara dos Deputados, conquistando apenas 34 assentos do plenário e ficando com 6ª maior bancada na Câmara. No entanto, manteve a maior bancada no Senado (13 senadores). O partido hoje é presidido por Baleia Rossi, deputado federal por São Paulo e sucessor de Romero Jucá na direção.


Gráficos:

Há anos o MDB é o partido com o maior número de filiados do Brasil. O gráfico mostra que, assim como os outros grandes partidos brasileiros durante a última década, o número de filiados do partido tem caído em anos recentes, embora costume crescer em anos de eleição municipal.

Como constatamos em nossa matéria sobre jovens, os filiados entre 16 e 34 anos estão diminuindo. O MDB está cada vez mais velho.

A maioria dos filiados do MDB são homens, o que também é o caso com quase todo partido brasilerio. Por outro lado há um gradual aumento proporcional das filiadas mulheres, o que também é tendência nacional. O salto grande entre 2018 e 2020 mostra que o partido ficou mais equilibrado em termos de gênero no último biênio.

Em termos de filiados por 100 mil eleitores, o MDB é mais forte em Santa Catarina e no Tocantins. Os estados do Nordeste e o Amazonas se destacam por serem os estados mais fracos do partido.

Por ser o maior partido do Brasil desde a redemocratização, o MDB sempre foi um dos maiores beneficiários do fundo partidário. O grande aumento no valor recebido durante o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) deve-se a uma reestruturação do financiamento partidário, onde vários outros partidos também passaram a receber mais fundos. Proporcionalmente ao montante total do fundo, porém, o MDB recebeu menos naquele período do que recebia antes, tendência que culminou com os valores de 2019, quando recebeu a menor proporção do fundo partidário do nosso levantamento: apenas 5,79%. Além das verbas que receberá até o final do ano, em 2020 o MDB recebeu R$ 148.253.393,14 de fundo eleitoral para o financiamento de campanhas.

3 é o mesmo número de governadores de outros grandes partidos como o PSDB, PSL e PSB. Ficam apenas atrás do PT, que tem 4.

Nas últimas duas eleições, o MDB elegeu um total de 12 senadores. Devido à mudança de legendas, o partido tem hoje 13 senadores e compõe a maior bancada do Senado Federal.

Dos eleitos para a Câmara dos Deputados, o MDB elegeu 1/4 dos deputados tanto no Acre quanto no Mato Grosso. Outro destaque é Santa Catarina, que é o estado com maior concentração de filiados do partido. Vale lembrar que essa é a menor bancada que o MDB elegeu ao Congresso em toda sua história. Em outros anos, mais estados teriam alta proporção de parlamentares do MDB.

Mais uma vez, o MDB tem um de seus melhores desempenhos em Santa Catarina. Neste estado, assim como em Alagoas, o MDB elegeu 1/5 da bancada da Assembleia Legislativa. Vale lembrar que esse segundo estado também conta com um senador e um governador da legenda, Renan Calheiros e Renan Filho, formando uma célebre família partidária. O Tocantins, o Piauí e o Pará também têm grandes bancadas do partido.

Como esperado do maior partido do país, o MDB apresentou candidatos em vários municípios por todo o país. Os destaques são o Pará e Alagoas, ambos governados pelo partido. A Bahia chama atenção pelo baixo número de candidatos disputando pelo MDB.

Tratando de vereadores, o MDB tem também presença em todo o país. A Bahia chama de novo a atenção pelos baixos números de candidatos, assim como outros estados do Nordeste.

Apesar do aumento das filiadas, 66,57% dos candidatos do MDB em 2020 são homens. No primeiro ano de cotas raciais para o fundo eleitoral, 54,81% dos candidatos são brancos.

Como o maior partido do país, o MDB se coliga com quase todo outro partido para as eleições de 2020. Nas 1893 chapas lideradas pelo MDB, o partido forma 3651 alianças. As coligações mais frequentes são com PP, PT, PSDB, DEM e PL.

Já nas 1909 chapas em que o prefeito não é do MDB, PP, PSD e DEM são as legendas mais comuns. Isso coloca o MDB na disputa em 3802 pleitos entre os 5570 municípios do Brasil.


ERRAMOS: A primeira versão do texto dizia, erroneamente, que o PMDB integrara a base do governo Fernando Collor, e que Itamar Franco fora filiado ao partido enquanto presidente. Além disso, reportamos que o número de chapas lideradas pelo partido era 3651, quando na verdade esse é o número de alianças. O dado correto é 1893.

Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultado eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher é cientista de dados do Pindograma.

Partidos em números: MDB

Gráficos e mapas para entender como o maior partido do Brasil chega nas eleições de 2020

Hoje o Pindograma estreia a série Partidos em Números. Ao longo das próximas semanas, vamos apresentar perfis dos diferentes partidos que ocupam (ou não) as manchetes.

Para começar, falaremos do partido mais emblemático da Nova República: o Movimento Democrático Brasileiro, ou MDB. Ele foi parte de quase todos os governos desde a redemocratização e já ocupou a presidência por quase oito anos, embora tenha eleito apenas um candidato ao cargo. Desde 1987, sempre foi um dos maiores partidos no Congresso Nacional e atualmente conta com o maior número filiados de todos os partidos brasileiros.


As origens do Movimento Democrático Brasileiro remontam à ditadura militar e à redemocratização do Brasil. O primeiro MDB foi criado em 1966, após o Ato Institucional n.º 2 da ditadura estabelecer o bipartidarismo no Brasil. A legenda foi refundada em janeiro de 1980 e passou a ser o Partido do Movimento Democrático Brasileiro, o primeiro partido oficialmente registrado após a volta do pluripartidarismo e o começo da abertura do regime militar.

O partido foi fundado por líderes do antigo MDB, que reunia diversas vertentes de oposição permitidas pela ditadura. Com o retorno à democracia em 1985, o PMDB surgiu como a principal força política do país, reunindo lideranças que marcaram a redemocratização como Tancredo Neves e Ulysses Guimarães.

Após Sarney — eleito como vice de Tancredo Neves, que faleceu antes de tomar posse —, o MDB presidiu o país entre 2016 e 2018 com Michel Temer, após o impedimento de Dilma Rousseff (PT). Desde a redemocratização, conseguiu a maior bancada no Câmara dos Deputados em 5 das 9 eleições e quase sempre participou das bases aliadas do governo.

Devido à sua história, o MDB sempre abarcou uma grande variedade de vertentes políticas. Esta heterogeneidade de posições levou, por exemplo, a um racha do partido no primeiro governo Lula, mas é também o que explica o governismo nato do partido. A falta de uma única ideologia clara permite o trânsito entre os mais diversos governos e faz do MDB uma das legendas mais associadas ao chamado ‘centrão’ – embora não componha, oficialmente, o bloco hoje.

Em julho de 2017, em meio a escândalos de corrupção associados a figuras importantes do partido, a legenda tirou o ‘Partido’ do nome, voltando a ser o MDB. Nas eleições de 2018, o partido sofreu seu maior revés na Câmara dos Deputados, conquistando apenas 34 assentos do plenário e ficando com 6ª maior bancada na Câmara. No entanto, manteve a maior bancada no Senado (13 senadores). O partido hoje é presidido por Baleia Rossi, deputado federal por São Paulo e sucessor de Romero Jucá na direção.


Gráficos:

Há anos o MDB é o partido com o maior número de filiados do Brasil. O gráfico mostra que, assim como os outros grandes partidos brasileiros durante a última década, o número de filiados do partido tem caído em anos recentes, embora costume crescer em anos de eleição municipal.

Como constatamos em nossa matéria sobre jovens, os filiados entre 16 e 34 anos estão diminuindo. O MDB está cada vez mais velho.

A maioria dos filiados do MDB são homens, o que também é o caso com quase todo partido brasilerio. Por outro lado há um gradual aumento proporcional das filiadas mulheres, o que também é tendência nacional. O salto grande entre 2018 e 2020 mostra que o partido ficou mais equilibrado em termos de gênero no último biênio.

Em termos de filiados por 100 mil eleitores, o MDB é mais forte em Santa Catarina e no Tocantins. Os estados do Nordeste e o Amazonas se destacam por serem os estados mais fracos do partido.

Por ser o maior partido do Brasil desde a redemocratização, o MDB sempre foi um dos maiores beneficiários do fundo partidário. O grande aumento no valor recebido durante o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT) deve-se a uma reestruturação do financiamento partidário, onde vários outros partidos também passaram a receber mais fundos. Proporcionalmente ao montante total do fundo, porém, o MDB recebeu menos naquele período do que recebia antes, tendência que culminou com os valores de 2019, quando recebeu a menor proporção do fundo partidário do nosso levantamento: apenas 5,79%. Além das verbas que receberá até o final do ano, em 2020 o MDB recebeu R$ 148.253.393,14 de fundo eleitoral para o financiamento de campanhas.

3 é o mesmo número de governadores de outros grandes partidos como o PSDB, PSL e PSB. Ficam apenas atrás do PT, que tem 4.

Nas últimas duas eleições, o MDB elegeu um total de 12 senadores. Devido à mudança de legendas, o partido tem hoje 13 senadores e compõe a maior bancada do Senado Federal.

Dos eleitos para a Câmara dos Deputados, o MDB elegeu 1/4 dos deputados tanto no Acre quanto no Mato Grosso. Outro destaque é Santa Catarina, que é o estado com maior concentração de filiados do partido. Vale lembrar que essa é a menor bancada que o MDB elegeu ao Congresso em toda sua história. Em outros anos, mais estados teriam alta proporção de parlamentares do MDB.

Mais uma vez, o MDB tem um de seus melhores desempenhos em Santa Catarina. Neste estado, assim como em Alagoas, o MDB elegeu 1/5 da bancada da Assembleia Legislativa. Vale lembrar que esse segundo estado também conta com um senador e um governador da legenda, Renan Calheiros e Renan Filho, formando uma célebre família partidária. O Tocantins, o Piauí e o Pará também têm grandes bancadas do partido.

Como esperado do maior partido do país, o MDB apresentou candidatos em vários municípios por todo o país. Os destaques são o Pará e Alagoas, ambos governados pelo partido. A Bahia chama atenção pelo baixo número de candidatos disputando pelo MDB.

Tratando de vereadores, o MDB tem também presença em todo o país. A Bahia chama de novo a atenção pelos baixos números de candidatos, assim como outros estados do Nordeste.

Apesar do aumento das filiadas, 66,57% dos candidatos do MDB em 2020 são homens. No primeiro ano de cotas raciais para o fundo eleitoral, 54,81% dos candidatos são brancos.

Como o maior partido do país, o MDB se coliga com quase todo outro partido para as eleições de 2020. Nas 1893 chapas lideradas pelo MDB, o partido forma 3651 alianças. As coligações mais frequentes são com PP, PT, PSDB, DEM e PL.

Já nas 1909 chapas em que o prefeito não é do MDB, PP, PSD e DEM são as legendas mais comuns. Isso coloca o MDB na disputa em 3802 pleitos entre os 5570 municípios do Brasil.


ERRAMOS: A primeira versão do texto dizia, erroneamente, que o PMDB integrara a base do governo Fernando Collor, e que Itamar Franco fora filiado ao partido enquanto presidente. Além disso, reportamos que o número de chapas lideradas pelo partido era 3651, quando na verdade esse é o número de alianças. O dado correto é 1893.

Dados utilizados na matéria: Filiados a partidos (Tribunal Superior Eleitoral); Resultado eleições 2018 (TSE/Cepespdata); Candidatos eleições 2020 (TSE); IGPM (cortesia de Fernando Meireles, pacote deflateBR).

Contribuiu com dados: Antonio Piltcher.

Para reproduzir os números citados, o código e os dados podem ser encontrados aqui.

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João Gado F. Costa

é repórter do Pindograma.

Antonio Piltcher

é cientista de dados do Pindograma.

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